A viagem. Parte 9

A VIAGEM

Por outro lado uma enorme fé me dizia que nada iria acontecer de mal. Parei a cinco metros da bicha, estudando seu comportamento. Ela me vendo se levantou devagar e veio com calma para o meu lado emitindo um baixo grunhido grave.


Pelos movimentos, percebi que não seria atacado. O grande gato se achegou e passou se esfregando em minha calça. Em seguida tomou o rumo que eu estava indo, pela frente. Parece que pedia que a seguisse. Fui acompanhando a certa distância, ainda receoso de uma reviravolta.

Vez e outra ela parava e olhava para traz para confirmar a minha presença. Quando chegamos ao local em que deveria entrar, percebi o enorme pé de Oiti-boi, e ao lado um portãozinho estreito. Minha cabeça, cheia de preocupações não percebeu o local ao passar pela primeira vez.

O felino ficou perto do portão como se esperasse eu abrir. Uma enorme lua despontava por cima das arvores, inundando a selva com uma luz leitosa. A escuridão de breu se dissipava.Abri o portão, que gemeu nos ferrolhos enferrujados. O enorme animal passou primeiro.

À frente sempre, me indicando o caminho, seu dorso bamboleante brilhava com a luz do luar. Tinha vontade de passar a mão nas costas da bicha, mas estava cauteloso e com medo de intimidades. Depois de alguns quilômetros, vi uma luz que indicava ser uma casa. Faltando quinhentos metros, cães começaram a latir.

A onça parou e deu um grunhido como se dissesse que a missão dela havia terminado, ou para se despedir. Andei mais um pouco e olhei para traz, com a intenção de dar um aceno, mas não a vi mais. Uma porta se abriu e a luz de dentro se projetou para fora, competindo com a da lua.

Cães me cercavam rosnando em um ataque eminente. Bastasse um mais atiçado dar o inicio e seria estraçalhado. Um assobio vindo de dentro manteve a ordem entre eles, mas sem baixar a guarda. Fiquei parado esperando. Uma pessoa saiu devagar com uma espingarda em posição de tiro.


-----É aqui que mora a Débora?-----Me adiantei antes de levar uma chumbada.
-----Quem é? O homem perguntou com voz de comando.
-----Sou Diógenes, irmão da Débora
-----Hora, hora, me desculpe pelos modos. Vamos chegar. -----
Logo apareceu minha irmã e daí foi só alegria em nos rever.

Nenhum comentário: