UMA FESTA DE ARROMBA NO CONVENTO
Festa no Convento das Mercês teve ampla divulgação e houve
até distribuição de camisinhas para os 1,5 mil presentes.
Foto: Reprodução.
Uma festa para maiores de 18 anos, conforme adverte o convite,
e, certamente, de ruborizar as freiras outrora residentes ali.
Mas como em São Luís nada soa anormal, a festa teve ampla
divulgação, inclusive pela internet e houve até distribuição de
camisinhas para os 1,5 mil presentes, segundo o organizador,
Alexandre Maluf, contou ao repórter do Estadão, Rodrigo Rangel.
Ele só não admitiu dizer quanto pagou à Fundação José Sarney.
“Isso eu não vou dizer, mas garanto que foi tudo legal, levei ofício
lá, e o contrato estava fechado há bastante tempo”.
E Alexandre Maluf tem medo. “Cuidado com o que você vai
escrever porque aqui as coisas são complicadas, estamos na
terra do homem que manda no Brasil até hoje”.
Construído em 1654, o imponente Convento das Mercês pertencia
ao governo do Maranhão até 1990, quando em uma canetada o
então governador João Alberto, aliado político da família Sarney,
concordou em doá-lo para a Fundação da Memória Republicana,
mais tarde rebatizada como Fundação José Sarney.
Até hoje, funciona ali o museu que Sarney erigiu para guardar a
memória de sua vida política. O local conserva documentos e
fotografias do período em que foi presidente da República,
presentes que recebeu de outros mandatários em viagens ao
exterior e até desenhos feitos na infância pelos seus filhos. No
térreo do prédio, um mausoléu onde pretendia ser sepultado.
Para manter sua fundação, Sarney conta com a ajuda de
empresários amigos e, claro, dos cofres públicos. Um dos
patrocínios mais polêmicos veio da Petrobrás: R$ 1,3 milhão
para que a fundação digitalizasse seu acervo. Como Rodrigo
Rangel apurou à época para o Estadão, o serviço não foi feito.
Mas a petroverba foi gasta. Pelo menos R$ 500 mil foram
parar em contas de firmas fantasmas e empresas da própria
família Sarney.
Paralelamente às benesses estatais, a Fundação arrecada
dinheiro com o aluguel do local para eventos privados,
como a festa sexy do último dia 7.
No início do ano, a Justiça Federal determinou que Sarney
devolva o convento ao poder público, por se tratar de um
patrimônio histórico tombado. A decisão ainda não foi cumprida,
mas o senador já anunciou que fechará as portas do museu.
Não necessariamente por causa da sentença, mas porque,
segundo ele, a fundação já não consegue mais doações devido
à “exposição negativa a que a instituição passou a ser
submetida por alguns órgãos da mídia”.
http://blogs.estadao.com.br/joao-bosco/
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