
Passar o final do ano em outro lugar sempre é gostoso. Aproveita-se
para visitar filhos e parentes que moram em outras paragens.Só que
tudo isso requer um estudo prévio e providências antecipadas.Se for
feito como fiz, resolvendo na última hora, vai ter problemas.Havia me
esquecido que como eu , milhôes de pessoas poderiam ter (e tiveram)
a mesma idéia.
Fui todo eufórico até a rodoviária, ja no horário do ônibus que pretendia
pegar.Com a mala na mão, em pé frente ao guichê da empresa, ouvi a
inesperada noticia que aquele horário das 19:10 estava lotado.Só teria
lugar no das 23:30.Perguntei se a empresa não colocava extras nessas
circunstâncias e o rapaz tagarela me respondeu que o das 23:30 já era
extra.
Voltei para casa frustrado e desanimado, ja pretendendo não ir mais.
Liguei para meu filho , para informar a situação e lá de outro lado veio
o incentivo para ir a qualquer hora que desse.A turma de ca´tambem
achava que eu deveria seguir no ônibus das 23:30.Pensei na mala, que
teria de desarrumar, voltar as coisas no lugar como alguem que desiste
fácil.Resolvi ir.
Outro filho pegou a motoca e correu até a rodoviária para comprar a
passagem.Ví que o tempo corria contra, naquelas circunstâncias.Depois
disso relaxei um pouco e fiquei esperando as horas passarem.Não gosto
dessas horas de espectativa.Parece que estamos na sala de espera do
dentista, ignorando o que virá.
Próximo das 23:30 me levaram até a rodoviária.Estava vazia de veiculos,
com suas luzes amareladas transmitindo um tipo de cansaço pela noite
longa.Alguns passageiros aguardavam o mesmo ônibus que eu.Rodoviárias
fazem parte dos lugares lúgubres e depressivos.A maioria delas são
abertas, feias, faltando pintura e o pior: livre acesso a vagabundos ,
mendigos e ladrões que ficam infernizando os passageiros que, mesmo
pagando a taxa de embarque nada tem de segurança nestes tempos hostis.
Sentamos em um dos bancos encebados e ficamos esperando.O ônibus
estava atrasado.Passou por nós elementos estranhos aos nossos olhos
antigos.Rapagotes de bermudas meia canela, com o eterno boné e a
novidade atual, todos de chinelos femininos.Era um bando que alguns
chamam de minorias e eu acho que são veados mesmo.O relogio amarelo
de gordura, na parede do bar atrás de nós, marcava 23:55hs.
Manifestei o desejo de ir até o guichê da empresa e pedir meu dinheiro
de volta.Ja estava pensando que não deveria insistir em uma coisa que
parecia não dar certo.Nisto, o responsável pelo embarque saiu e ficou no
meio da rua, na entrada dos onibus.Foi um sinal que o retardatário estava
vindo. Nos animamos.Mais alguns minutos estava sentado no banco
estreito do coletivo,ao lado de um velho mineiro que estava mais
dormindo que acordado.
Estava vindo de Belo Horizonte e viajava o dia todo.Meu filho e minha
nora a partir daí se viram livres da empreitada e foram embora depois
de despedidas rápidas.Depois de tres horas de viagem estava eu descendo
na rodoviaria de Itapeva.Meu filho mais novo ja me esperava.Terminava
uma novelinha e dalí pela frente era só alegria, em estar com eles e ver
minha netinha em suas conquistas dos dez meses.
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