A VIAGEM
Quando chegar à altura onde a estrada passa ao lado de um rio, preste atenção que na próxima curva tem uma porteira onde está escrito: “GOROCAIA” Passa por ela, anda mais um pouco e estará lá. Eu conheço esse sitio, e é bem longe. O Senhor vai a cavalo?----Perguntou com interesse.
----Acho que vou a pé. ---Com essa resposta parece que despertei a platéia e alguns fizeram uma cara disfarçada de riso. O velho completou:
----Se pretende ir a pé, ande durante o dia. A noite é muito perigosa. E vai andar o dia todo para chegar lá.
----É o que pretendo. ----Respondi, agradeci e fui procurar um lugar para dormir. Sai dali matutando em alugar um cavalo para a viagem, mas não tinha dinheiro suficiente para tal evento. E também não queria incomodar minha irmã com dinheiro, pedindo emprestado para a volta.
Próximo dali tinha alguns meninos brincando com bolas de gude na terra amarela e batida pelos pés descalços das crianças. Perguntei a eles onde teria uma pousada. Responderam-me que só tinha uma, a pensão da Lica.
Ficava em uma rua transversal, nas proximidades. Cheguei até lá e vi que era uma casa normal, bem simples, o que me deixou feliz por estar a minha altura. O preço também deveria ser acessível ao meu bolso.
Entrei e vi uma garotinha brincando com uma boneca de pano sobre um sofá velho e surrado. Quando ela me viu, saiu correndo, chamando alguém. Depois de alguns minutos apareceu uma mulher de quarenta anos, forte e decisiva no trato, como toda dona de pensão. Imaginei que era daquele tipo que mandava no marido.
Não era feia, e até tinha alguns atrativos. Cabelos ainda negros e lisos como capim gordura. Tinha também seios volumosos que não deixavam de chamar a atenção, até de mim, caipira simples e inocente. No andar transmitia um balanço que mais parecia um convite às coisas pecaminosas. No mais a minha maior preocupação era a jornada do dia seguinte. Muitos quilômetros a serem percorridos. Fui me deitar cedo.
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