Fui deitar cedo, me prevenindo, mesmo sendo bom em caminhadas. Gente da roça anda muito. O quartinho que a dona disponibilizou era bem limpinho, e muito simples. Uma cama de solteiro estreita com colchão de capim, uma cadeira que servia mais para se pendurar à roupa. De moveis era só. Uma janela pequena de tábuas aparelhadas no machado, que não ousei abrir temendo uma invasão de pernilongos. Felizmente a noite estava fresca. Ao lado da janela um calendário amarelado.Vi que era daquele ano, localizei o mês que estava e em desenhos minúsculos em b dos números do dia, vi as fases da lua. Na próxima noite teríamos lua cheia. Do lado de fora vinha o som dos grilos com suas canções invariáveis homenageando a donzela escuridão. Deitei-me de costas e comecei a pensar na vida, na viagem até aquele ponto, com as cenas do dia ainda vivas em minha cabeça. Passei por um sono leve e logo atravessei umas três horas bem dormidas.
Tinha pedido que me acordassem no clarear do dia. A mulher peituda me advertiu: ----Nós damos o café da manha, mas somente a partir das sete horas. -----Não tem problema. ----Disse eu.
----- Me viro por aí.
----Por que vai levantar tão cedo?----Ela perguntou com um quase imperceptível sorriso malicioso.
----É que amanha vou ter uma grade jornada a realizar. E vai me tomar o dia todo. Então tenho que sair bem cedo.
----Puxa, vai para longe então. ----Fazendo um trejeito com os olhos.
----É... Vou visitar minha irmã... Faz três anos que não há vejo.
----Então é justo. ----Acrescentou ela. ----Tem que ir mesmo.
Por volta de uma hora da madrugada, acordei com um leve arranhado na porta. Pensei ser algum gato, mas não tinha visto animal algum quando cheguei. As frestas da janela acusavam a claridade opaca do lado de fora. Era a lua que já estava alta. Acendi a vela em cima da cadeira e vi no meu “Roskoff” que era uma e cinco. Passado um minuto o arranhado voltou a se repetir. Já bem acordado, levantei e fui ate a porta conferir se era um gato.
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