Boca fechada


























Orientado por advogados, Arruda fica calado em depoimento à PF.



MÁRCIO FALCÃO
da Folha Online, em Brasília
Acusado de chefiar um esquema de arrecadação e pagamento de
propina, o ex-governador do Distrito Federal, José Roberto
Arruda (sem partido), chegou a ensaiar nesta segunda-feira a
responder perguntas dos delegados durante depoimento na Polícia
Federal. Mas foi orientado por seus advogados a permanecer
em silêncio.

Essa foi a primeira oportunidade para Arruda falar sobre as
denúncias de corrupção.

Segundo o advogado de Arruda, Nélio Machado, o ex-governador
tinha a intenção de falar, mas foi orientado pela defesa a ficar em
silêncio. Machado afirmou que sua decisão teve respaldo em uma
petição entregue ao STJ (Superior Tribunal de Justiça) explicando
os motivos do silêncio do cliente.

"Eu apresentei uma petição assinada pelo governador onde
apresentávamos os motivos para ele não depor. Na medida em
que duas denúncias foram apresentadas sem que ele fosse
ouvido, se ele falar ou não falar não interfere na
acusação. O governador fez questão de declinar.

Ele gostaria de falar, chegou a falar algumas coisas, mas eu
reiterei a minha orientação firme, absolutamente sem
transigência que não abro mão da legalidade. É como se um
médico submetesse alguém a uma cirurgia sem os exames",
disse.

Machado disse que Arruda só vai falar se tiver acesso a todo
o inquérito que investiga o esquema de corrupção. "O
Ministério Público sabe tudo, mas eu só vou permitir que o
governador se manifeste quando eu tiver acesso irrestrito
à apuração feita até agora. Não tivemos acesso às perícias",
afirmou.

Na avaliação da defesa, Arruda poderia ser prejudicado com
o depoimento. "Eu não quero uma investigação para constar.
Eu quero que a investigação busque a verdade e meu cliente
vai falar quando efetivamente se fizer com o propósito não
de prejulgamento e sim de buscar responsabilidade de quem
possa ter culpa", disse.

A orientação dos advogados de Arruda também foi repetida
pela defesa do ex-secretário de Comunicação, Weligton
Morais. Interrogado no Complexo Penitenciário da Papuda
-- onde ele e mais quatro aliados do ex-governador, estão
preso pela suposta tentativa de suborno de uma das
testemunhas do esquema de corrupção, assim como Arruda
-- ele ficou calado.

Segundo o advogado de Morais, Marcelo Bessa, ainda há
uma dúvida sobre as acusações que pesam sobre o
ex-secretário "Ele se reservou ao direito de permanecer
calado. Enquanto nós não conhecermos quais são as
acusações, nós não vamos nos pronunciar", disse.

A estratégia de Morais e Arruda deve se repetir ao longo do
dia. O empresário Marcelo Carvalho, braço direito do
ex-vice-governador Paulo Octávio (sem partido), também
deve ficar em silêncio, segundo seus advogados. Anteriormente,
o ex-vice-governador se apresentou espontaneamente e
também se reservou ao direito de não prestar esclarecimentos.

O advogado José Safe, que defende Gibrail Gebrim,
ex-assessor da Secretaria de Educação, chegou na
Superintendência da Polícia Federal ,informando que seu cliente
também não vai falar sobre o esquema de corrupção.

A expectativa em relação ao depoimento do ex-presidente da
Câmara Legislativa do Distrito Federal Leonardo Prudente
(sem partido) é de que ele sustente a versão de que o dinheiro
de suposta propina que aparece guardando nas meias é de caixa
dois, doação da campanha de 2006 que não foi declarada à Justiça
Eleitoral.

Foram convocados ainda pela Polícia Federal José Luiz
Valente (Educação), Geraldo Maciel (Casa Civil), Omézio
Pontes (assessor de imprensa) e Luiz França (subsecretário
de Justiça e Cidadania). A situação mais delicada é de
Pontes, que aparece em dois vídeos recebendo dinheiro.

A Polícia Federal também espera os esclarecimentos dos
empresários José Abdon, da AB Produções e Alcyr Colaço,
do Jornal Tribuna do Brasil, que aparece colocando dinheiro
na cueca.

A polícia espera ouvir nos próximos dias, 42 pessoas para concluir
a primeira fase do inquérito da Caixa de Pandora, deixando
Arruda mais perto de reconquistar a liberdade.

Nossos politicos só tem boca nos palanques...Nos depoimentos
sobre corrupção as perdem.


Nenhum comentário: