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Entramos
e fizemos uma verificação. Não havia guardas e nenhum tipo de
segurança. Era um prédio de tamanho médio. Chegamos em uma sala
grande onde estavam dois caixas atendendo. Eliza virou para mim e
disse qualquer coisa sobre o banco estar aberto em um domingo.
Expliquei rapidamente que os dias mudavam quando se saia do presente.
Uma fila de aproximadamente vinte pessoas andava lentamente. Falei
com Eliza sobre a necessidade de localizarmos o cofre. Ela foi até
uma mesa supostamente do gerente e começou uma conversa com ele.
Depois de alguns minutos ela voltou, dizendo que o cofre estava logo
atrás da mesa do gerente. Não sei o que ela conversou com o homem,
mas achei que foi eficiente em descobrir tão rapidamente. Calculamos
a ôlho a posição do cofre e voltamos para o terreno baldio.
Esperamos um pouco até diminuir o movimento das pessoas na rua,
para entrarmos. Acionei a cama e ela apareceu entre o capim.
Brincando, sugeri a Eliza que o pessoal tinha me dado uma boa ideia.
Já que estávamos com a cama ali, era só aproveitar a paisagem.
Ela riu e me deu um leve empurrão de protesto. Em casa continuamos a
estudar um meio de se chegar até aquele cofre. Era fim de tarde e o
céu estava amarelado do lado do sol poente. Saímos dar um passeio,
igual fazem os namorados e passaríamos no local do banco para
verificar as possibilidades. Ali tinha um pequeno prédio de dois
andares e na parte de baixo era formado por pontos comerciais.
Deveríamos passar no próximo dia que era uma segunda feira, para
vermos o que tinha no lugar do cofre. O maior trabalho seria levar a
tal cama no ponto certo e antes disso disponibilizar o local.
Passamos o resto do domingo cuidando de outras coisas mais agradáveis
e deixamos os problemas do ouro para o dia seguinte. Ele estaria lá,
ou não, se não existisse. Mas teríamos que nos aventurar, dizia
Eliza. Na segunda feira, enquanto fui trabalhar, ela ficou
pesquisando o imóvel. No local onde nos interessava, tinha uma
lojinha de miudezas. Minha namorada chegou-se devagar e começou
fazer amizade com a dona da loja. Era uma mulher de trinta e cinco
anos, ativa e desconfiada. Não se podia dizer que era bonita, mas
tinha um corpo que chamava a atenção. Combinei com Eliza que a
coisa tinha que ser devagar e suavemente, para não levantar
suspeitas. Certo dia, Elisa a convidou para almoçar conosco. Depois
das apresentações, começamos uma animada conversa. Seu nome era
Joice. Ficamos mais na observação da moça, quanto a seus gostos e
como levava sua vida. Era uma pessoa agradável, depois que pegou
confiança e bastante inteligente. A desconfiança que às vezes
vinha à tona quase imperceptível, com o tempo foi se desfazendo.
Depois desse almoço tornou-se nossa amiga mais chegada.
Passamos a
frequentar sua casa e ela a nossa. Ela vivia só, sob o pretexto que
os homens só traziam problemas,enrolavam e não queriam se casar.
Mas por trás de seus argumentos, percebia-se que tinha dificuldades
em manter um relacionamento, por motivos que não sabíamos. O
universo da alma de algumas mulheres é como o universo real. Podemos
senti-lo, vê-lo a distância,mas não podemos chegar até lá.
Poderia ser também, trauma de um namoro mal resolvido. Depois de
muitas idas e vindas, um dia em casa, em um jantar regado a vinho
propositalmente, ela se abriu e contou sua historia incentivada pelo
espírito do álcool. Disse que tivera um noivo quando mais nova, e
que no decorrer do noivado, foram guardando dinheiro para comprar uma
casa. Ela confiava plenamente no rapaz e a conta no banco era
conjunta. Quando o dinheiro estava quase completo para fecharem um
negocio, o noivo o tirou todo do banco e desapareceu. Ela ficou um
bom tempo perturbada, precisando fazer tratamento psiquiátrico.
Perdeu também a fé nos homens. Passou a achar que todos só pensam
no dinheiro. Conhecendo a história de Joice, o relacionamento entre
nos ficou ainda mais estreito. Para reforçar ainda mais a amizade,
contei o caso com minha primeira esposa. A gente se abre, as pessoas
se abrem. Uma confiança mútua cresce e toma formas positivas. Eu e
Eliza nada tínhamos de peso na consciência por manipular a amizade
em nosso interesse. Afinal, não iríamos fazer mal algum a ela e
muito menos causar algum prejuízo. Chegamos a combinar de ajudá-la
se a empresa desse certo. Essas ideias eram discutidas somente entre
eu e Eliza. Joice passou a aparecer em nossa casa com mais
frequência e de repente, sem percebermos passava a maior parte do
tempo de folga por lá. A amizade entre as duas era de uma
cordialidade tal, que se fossem irmãs não desfrutariam de tal
coexistência. Coisa complexa no mundo feminino.Eu na minha
inocência via assim.
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