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Certo
dia, quando voltava do trabalho,não encontrei Eliza em casa. Supus
que estivesse na lojinha. Depois de me trocar, fui até lá. Vi que o
comercio estava fechado, pelo horário avançado. Entrei pela porta
lateral como se fosse minha casa. Fui até a sala, onde sempre
costumávamos estar, e não vi ninguém. Não teriam saído, pois
dai fechariam a casa. Fiquei ali parado por alguns instantes, pondo
os pensamentos em ordem. Ouvi um gemido suspeito vindo do quarto. Devagar, fui
ate a porta, com medo de Joice estar com algum homem e as coisas se complicarem. No caso eu seria um invasor. Experimentei a
maçaneta com cuidado, e abri uma fresta que dava para espiar o que
estava acontecendo. Para minha surpresa, era as duas que estavam
enroscadas em movimentos lentos e cadenciados, como se estivessem no
barco do prazer, balançando ao sabor de ondas sensuais. Fechei
novamente a porta e me sentei na sala para esperar. Comecei a fazer
um retrospecto de minha vida. Agora o que me faltava acontecer,
estava acontecendo a poucos metros. Não sabia se aquilo era bom ou
ruim. Estava confuso, e não era ali naquele momento que iria tomar
uma decisão. Depois de muita vibração e gritinhos desesperados ,
terminou a festa.A primeira a sair toda descabelada foi Eliza. Quando
me viu sentado no sofá, ficou sem graça, como se fosse pega
fazendo alguma travessura. Fiquei quieto encarando-a, esperando uma
explicação.
--Olha, espero que você não leve a mal. Mas já tínhamos combinado isso tudo e sabíamos que você viria. ----Disse ela, meio sem jeito.
----Não
sei o que dizer,não sei o que pensar... ----Respondi eu,
sinceramente comigo mesmo.
----Não
diga nada----disse Joice ao sair peladona do quarto. ----Eu é que
sou culpada. Fui eu que a seduzi.
----Ainda
não entendi... O que vocês pretendiam em me fazer presenciar isso
tudo?
----Foi
o jeito mais fácil de mostrar que nos amamos, bobinho.--- Respondeu
Joice. Eliza sentou-se meio sem jeito ao meu lado.
----E
verdade Elisa?----Disse encarando-a seriamente.
É...
----Respondeu ela, falseando. ----Mas amo você também.
Ouvindo
isso fiquei sem saber o que falar. Precisava de um tempo para
entender.Afinal, eu era mais burro do que imaginava. Não desconfiava da amizade chegada das duas.Hoje você vê na rua dois homens de mãos dadas, já sabe o que são.Se vê duas mulheres do mesmo jeito, não dá para saber se são amigas ou namoradas.Não via Joice como uma inimiga, pela nossa amizade e algo
mais. Precisava também aprender a perdoar a fraqueza dos outros, e
nisso entrava Eliza. Depois de certo tempo, passada a tensão, ficou
tudo normal. Só em minha cabeça que não. À noite tive uma
conversa seria com Eliza e entre outras coisas, disse que não
gostaria de perdê-la, ainda mais para uma lésbica. Ela me garantiu
que eu era o amor da vida dela e estava em primeiro lugar. Tentei me
adaptar a situação estranha, abafando o meu ego machista. Lutava
para ser mais maleável e aberto. Afinal, eu não estava sendo traído
como da primeira vez. Estava tudo às claras e não me via
prejudicado pelo relacionamento das duas. Resolvi comigo mesmo,
deixar a coisa rolar. Se tivesse de acontecer algo desagradável, não
seria eu o responsável e muito menos quem pudesse evitar. Daí para
frente, por certo tempo, foi tudo beleza. Formamos o chamado
triângulo amoroso. Parecia que eu tirava o maior proveito da
situação, mas estava enganado. Por varias vezes peguei as duas as
sós, com suas intimidades. Fazia-me de ignoto, mas por dentro
crescia a desconfiança, de estar de mais entre elas . Nas conversas
e nos movimentos, captava pequenos sinais que confirmavam minhas
suspeitas. Dai comecei a agir pela lei da vantagem. Tirava o máximo
proveito das situações, sabendo que a qualquer hora tudo iria
mudar. Passávamos tardes e noites agradáveis de fins de semana em
orgias infindáveis. Sentia-me um César em um palácio romano, com
vinho, musica e mulheres a disposição. Como tudo que é bom, dura
pouco e no desenrolar da vida as coisas sempre mudam mais cedo ou
mais tarde, um dia tudo se acabou.
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