Direitos reservados 54
Na
tarde do dia seguinte cheguei em casa com uma perna , o abdômen e a
cabeça enfaixada. As dores generalizadas eram combatidas com
analgésicos. Tomava também um potente antibiótico para prevenir
alguma infecção. Me sentia um trapo. Não tinha condições de me
movimentar rapidamente. Se o inimigo me surpreendesse , seria presa
fácil. Ísis dera um jeito no corpo escondido em baixo da cama do
hospital. Não me contou detalhes, mas me dei por satisfeito em saber
que dera um jeito. Ela era perfeita e eficiente. Me contou que quando
estava hospitalizado a polícia foi a té lá para registrar a
ocorrência. Hospitais quando recebem pessoas baleadas comunicam a
polícia. Fizeram varias perguntas, mas ela se ateve nas respostas
diretas e precisas. Nada disse do ataque do bandido no quarto do
hospital. Nada iria acrescentar de positivo. Achava que o que nós
não resolvêssemos , ninguém resolveria. Na mesma tarde, depois de
me deixar confortável na poltrona da sala e com a pistola em baixo
da almofada, ela saiu para fazer a primeira investigação. Antes de
ir, me deu um beijo e disse:----Se alguém entrar, passe fogo e
depois pergunte quem é. Foi procurar a Valdívia, que até agora
não tinha aparecido. A loja ficou fechada nestes dias de
infortúnio. Não tinha ninguém que pudesse tomar conta a contento,
a não ser a moça desaparecida. Ísis foi até a delegacia com a
ideia de tirar informações, não do andamento do caso na parte
deles, mas principalmente para ver se veria as fichas de criminosos.
Como as coisas continuavam devagar por lá, conseguiu ver algumas
fotos depois de convencer o investigador com algumas encostadas
prometedoras. O sujeito não resistiu e mostrou tudo que ela queria.
Ela embora não tivesse visto os assaltantes que me agrediram,
procurava alguma coisa a mais nas caras frias e maldosas que
desfilavam a sua frente em um grande álbum. O álbum das figuras
maléficas. Em certo momento se surpreendeu ao deparar com a foto
de Fidélio. Pedindo ao rapaz muito prestativo, a ficha do individuo
, ele prontamente a colocou a sua frente. Ficou admirada em saber que
o sujeito era um ex-presidiário. A sua ficha incluía assaltos a mão
armada e vários assassinatos. Tinha cumprido vários anos de prisão
e fugido quando das famosas solturas temporárias que o governo
agracia os presidiários em datas comemorativas, como o natal,dia das
mães etc.. Estava foragido há vários anos. Com isso Ísis teve a
prova que queria. Nesse dia como a hora estava avançada ela voltou
para casa, para cuidar de mim.--Nunca
fui com a cara desse sujeito mesmo---Disse eu tomando um gole de chá
de camomila, preparado com carinho pela minha protetora.----Não sei
o que tem as mulheres que se sentem atraídas por esse tipo de
gente.---- Ela me olhou sem dizer nada , mas sua fisionomia severa,
dizia tudo. Fiquei quietinho, lembrando que estava nas mãos dela.
Não convinha provocá-la.--Mudando
de assunto,----Disse ela ----Eu peguei a carteira do cara do
hospital. Tem alguns endereços que podem nos levar a quadrilha. Vou
analisar junto com você para ver se chegamos a uma conclusão
rápida.
No
jornal do dia saiu a noticia: “Corpo de homem é encontrado em
lixo de hospital.” A vítima teria várias passagens pela polícia
e estava sendo procurado por sequestro seguido de morte. A polícia
ainda não tem pistas do caso.” Uma segunda noticia me chamou a
atenção, relativo a um assalto a carro forte dias antes. Foram
roubados três milhões de reais. Um segurança da empresa de valores
foi morto no tiroteio. Para mim, leigo no assunto, algo dizia que
era a mesma quadrilha que me assaltou. Depois que analisamos bem os
papéis, cartões de visita e vasculhada a carteira do defunto de uma
forma quase científica, Ísis resolveu que iria ao endereço do
cartão para começar a procura. Era de uma boate no subúrbio,
famosa pelo rolar de drogas e prostitutas. Atras do cartão tinha um
nome: Joacaz.Pensei comigo: Como tem bandidos com nomes tirados da bíblia.Algum especialista no assunto deveria explicar isso.Seria
um paradoxo?
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