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Poderiam
nessas circunstâncias jogarem uma granada para dentro da casa o até
incendiá-la para fazer a gente sair. O primeiro que entrasse levaria
chumbo, pensei eu. Mas tinha confiança em minha mulher , que não
deixaria isso acontecer. De vez em quando atravessava a sala, para
ver de outro lado. Pelo lado de fora, Ísis serpenteava por entre
arvores e cantos de parede , procurando os agressores. Não demorou e
surpreendeu um. Atirou uma pedra de 300 gramas na cabeça do homem
com tal precisão, fazendo um barulho xoxo, igual uma abóbora
amassada. Sem um gemido o individuo caiu na vertical. Parece que eram
seis. Agora tinha cinco. Começou o tiroteio, onde o alvo principal
era a casa.Um outro de arma em punho e com uma granada na mão,
ameaçava atira-la dentro da casa. Se isso acontecesse iria acabar
com a sala e comigo . Quando o individuo ergueu a mão para jogar o
petardo, eu já estava com ele na mira. Apertei o gatilho e percebí
que a bala o atingiu no braço. Este largou a granada imediatamente.
A granada estava a cinco centímetros para bater no chão, quando
foi apanhada por um vulto que estava atrás dele, com uma rapidez
incrível e no mesmo movimento atirada para outra direção. Caiu
próximo a dois outros bandidos que emitiram um grito em sintonia com
a explosão. Em seguida, no próximo segundo o vulto com um pedaço
de arame farpado, fechou em torno do pescoço do indivíduo.
Certamente que outros dois foram atingidos. Restava somente um em
atividade. Este ,um cão pegou atrás da casa e já o estava
destroçando quando foi acudido por Isis. Era quem iria nos dizer
quem foi o mandante. Machucado e tremendo todo,não foi difícil
obter informações. Disse que fora o dono da boate que os mandara.
Tínhamos roubado uma grande quantia em dinheiro dele, que na verdade
pertencia a um outro elemento da política, que nunca aparecia, mas
mandava as ordens. Discuti em particular com minha mulher sobre o
destino do indivíduo. Se soltássemos o sujeito ,que estava super
amedrontado, poderia ir embora e dar as informações ao seu chefe.
Tivera uma experiência ruim, seus comparsas estavam todos mortos e
por sorte ele tinha escapado com vida... por enquanto. Isis me disse
que se a situação fosse invertida ele não iria nos
poupar.---Bandido é bandido PG. Eles não tem moral e muito menos
piedade. Se o soltarmos, pode ser que ele mesmo o mate na próxima.
Não se pode dar chance. Deixe que eu dou um jeito. Vá ver como está
a moça.---Eu fiquei meio incomodado, mas dei rasão a ela. Em
seguida um disparo clareou o ambiente. Depois veio o silêncio,
interrompido somente pelos grilos, do lado de fora.
Quando
tudo se acalmou nos apressamos a ver como estava Valdívia. Corremos
pelos cômodos a procurando, já antevendo algo ruim. Achei-a caída
atras de um sofá , mas já era tarde demais para socorrê-la. Foi
vítima de uma bala perdida. Ela tinha saído do quarto e vindo até
a sala. Com a atenção nos bandidos lá fora, nem vi quando ela
tinha aparecido por ali. Foi uma tremenda falta de sorte, porque
poucos tiros foram dados em direção a sala. Um sentimento de
tristeza nos invadiu. Abraçados eu e Ísis choramos e lastimamos a
perda da amiga.Depois de um tempo de lamentações, aos poucos a onda
depressiva foi passando e logo caimos na real. O tempo urgia e minha
mulher lembrou que teríamos que dar fim nos corpos.A dor da perda da
amiga tinha que ser adiada e tínhamos que agir de acordo com a
realidade.--- Sem corpos não há crime, não há provas nem
condenação, pela justiça dos homens.---Falou Isis. Ela lembrou que
próximo da chácara tinha uma cerâmica. Aí eu disse: ----E o que
tem a ver a cerâmica com os corpos?--Tem
muito a ver. Toda cerâmica tem um forno, e geralmente eles estão
funcionando a noite. Já pensou em algo melhor do que cremar os
bandidos? Terão um sumiço definitivo e nada poderão fazer com as
cinzas se por acaso as encontrarem.---Boa
ideia, mas você sabe que lá, no mínimo vai ter uma pessoa vigiando
o forno. Ainda se este estiver aceso.---Não
se preocupe com isso, que eu darei um jeito.----Foi até a geladeira,
pegou alguns ingredientes para sanduíche e levou ate´a picape.
Depois , sozinha, com um fardo na costa carregou um por um dos
bandidos e os colocou arrumadinhos na carroceria do veículo.---Vamos
lá? Quanto mais depressa nos livrarmos desse entulho, melhor.---E
Valdívia ?----Na
volta daremos um enterro decente a ela. Deixe-a aí por enquanto. Daí
lembramos de procurar informações nos bolsos dos bandidos mortos.
Achamos em um dos corpos um bilhete onde tinha as informações de
como chegar até a nossa chácara. Em outro dentro de uma carteira,um
número de telefone onde em cima estava escrito :“Chefe”.Isis
mostrou a mim e disse:--- Pode ser este o indivíduo que temos que
achar nos próximos dias. Certamente é ele o mandante.
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