Literatura-60.O tálamo do tempo.

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Poderiam nessas circunstâncias jogarem uma granada para dentro da casa o até incendiá-la para fazer a gente sair. O primeiro que entrasse levaria chumbo, pensei eu. Mas tinha confiança em minha mulher , que não deixaria isso acontecer. De vez em quando atravessava a sala, para ver de outro lado. Pelo lado de fora, Ísis serpenteava por entre arvores e cantos de parede , procurando os agressores. Não demorou e surpreendeu um. Atirou uma pedra de 300 gramas na cabeça do homem com tal precisão, fazendo um barulho xoxo, igual uma abóbora amassada. Sem um gemido o individuo caiu na vertical. Parece que eram seis. Agora tinha cinco. Começou o tiroteio, onde o alvo principal era a casa.Um outro de arma em punho e com uma granada na mão, ameaçava atira-la dentro da casa. Se isso acontecesse iria acabar com a sala e comigo . Quando o individuo ergueu a mão para jogar o petardo, eu já estava com ele na mira. Apertei o gatilho e percebí que a bala o atingiu no braço. Este largou a granada imediatamente. A granada estava a cinco centímetros para bater no chão, quando foi apanhada por um vulto que estava atrás dele, com uma rapidez incrível e no mesmo movimento atirada para outra direção. Caiu próximo a dois outros bandidos que emitiram um grito em sintonia com a explosão. Em seguida, no próximo segundo o vulto com um pedaço de arame farpado, fechou em torno do pescoço do indivíduo. Certamente que outros dois foram atingidos. Restava somente um em atividade. Este ,um cão pegou atrás da casa e já o estava destroçando quando foi acudido por Isis. Era quem iria nos dizer quem foi o mandante. Machucado e tremendo todo,não foi difícil obter informações. Disse que fora o dono da boate que os mandara. Tínhamos roubado uma grande quantia em dinheiro dele, que na verdade pertencia a um outro elemento da política, que nunca aparecia, mas mandava as ordens. Discuti em particular com minha mulher sobre o destino do indivíduo. Se soltássemos o sujeito ,que estava super amedrontado, poderia ir embora e dar as informações ao seu chefe. Tivera uma experiência ruim, seus comparsas estavam todos mortos e por sorte ele tinha escapado com vida... por enquanto. Isis me disse que se a situação fosse invertida ele não iria nos poupar.---Bandido é bandido PG. Eles não tem moral e muito menos piedade. Se o soltarmos, pode ser que ele mesmo o mate na próxima. Não se pode dar chance. Deixe que eu dou um jeito. Vá ver como está a moça.---Eu fiquei meio incomodado, mas dei rasão a ela. Em seguida um disparo clareou o ambiente. Depois veio o silêncio, interrompido somente pelos grilos, do lado de fora.

Quando tudo se acalmou nos apressamos a ver como estava Valdívia. Corremos pelos cômodos a procurando, já antevendo algo ruim. Achei-a caída atras de um sofá , mas já era tarde demais para socorrê-la. Foi vítima de uma bala perdida. Ela tinha saído do quarto e vindo até a sala. Com a atenção nos bandidos lá fora, nem vi quando ela tinha aparecido por ali. Foi uma tremenda falta de sorte, porque poucos tiros foram dados em direção a sala. Um sentimento de tristeza nos invadiu. Abraçados eu e Ísis choramos e lastimamos a perda da amiga.Depois de um tempo de lamentações, aos poucos a onda depressiva foi passando e logo caimos na real. O tempo urgia e minha mulher lembrou que teríamos que dar fim nos corpos.A dor da perda da amiga tinha que ser adiada e tínhamos que agir de acordo com a realidade.--- Sem corpos não há crime, não há provas nem condenação, pela justiça dos homens.---Falou Isis. Ela lembrou que próximo da chácara tinha uma cerâmica. Aí eu disse: ----E o que tem a ver a cerâmica com os corpos?--Tem muito a ver. Toda cerâmica tem um forno, e geralmente eles estão funcionando a noite. Já pensou em algo melhor do que cremar os bandidos? Terão um sumiço definitivo e nada poderão fazer com as cinzas se por acaso as encontrarem.---Boa ideia, mas você sabe que lá, no mínimo vai ter uma pessoa vigiando o forno. Ainda se este estiver aceso.---Não se preocupe com isso, que eu darei um jeito.----Foi até a geladeira, pegou alguns ingredientes para sanduíche e levou ate´a picape. Depois , sozinha, com um fardo na costa carregou um por um dos bandidos e os colocou arrumadinhos na carroceria do veículo.---Vamos lá? Quanto mais depressa nos livrarmos desse entulho, melhor.---E Valdívia ?----Na volta daremos um enterro decente a ela. Deixe-a aí por enquanto. Daí lembramos de procurar informações nos bolsos dos bandidos mortos. Achamos em um dos corpos um bilhete onde tinha as informações de como chegar até a nossa chácara. Em outro dentro de uma carteira,um número de telefone onde em cima estava escrito :“Chefe”.Isis mostrou a mim e disse:--- Pode ser este o indivíduo que temos que achar nos próximos dias. Certamente é ele o mandante.


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