Passando gato por lebre




















Nestlé vende bebida Alpino que não contém Alpino

RICARDO GALLO
Folha de são Paulo

A embalagem é dourada, como a do Alpino. Tem a imagem
de um bombom, como o Alpino. Até o nome está lá, idêntico.
Mas o Alpino Fast, versão para beber do famoso chocolate
da Nestlé, não tem Alpino.

Foi o que bastou para deflagrar uma polêmica que colocou
a Nestlé na mira do Ministério Público, do Conar (Conselho
Nacional de Autorregulamentação Publicitária) e de órgãos
de defesa do consumidor.

O principal argumento é que o produto induz o consumidor
a erro, por não ter o bombom. A empresa se defende com
uma inscrição na embalagem. Em letras miúdas, o aviso
diz: "Não contém chocolate Alpino".

A informação, porém, não consta dos anúncios da bebida,
lançada há três meses.

O sabor também é diferente, apontam consumidores e
críticos. "Não tem nada a ver", diz a publicitária Letícia
Watanabe, 25. Mesma opinião tem o chef confeiteiro Flavio
Federico, 42, que testou o bombom e a bebida a pedido
da Folha. "O aroma é bem diferente. O bombom tem aroma
de chocolate; a bebida, de leite", disse. O Alpino de beber
lhe pareceu "aguado".

A Promotoria de Defesa do Consumidor do Rio de Janeiro
estuda entrar com ação na Justiça contra a Nestlé ou
obrigar a empresa a mudar a embalagem e/ou a composição.

O caso está sob investigação, disse o promotor Júlio
Machado. Segundo ele, o Departamento de Proteção e
Defesa do Consumidor, ligado ao Ministério da Justiça,
também abriu procedimento sobre o tema.

Já o Conar abriu representação para apurar eventual erro
na publicidade do produto --a embalagem é considerada
propaganda. Ainda não há data para o julgamento ocorrer.
Se condenada, a Nestlé terá de modificar a embalagem.

Internet

A discussão sobre o Alpino rendeu 354 comentários no
blog "Coma com os Olhos", o primeiro a levar o assunto
à internet, no final de fevereiro.

O dono do blog, Itamar Taver, 36, diz ter sido avisado por
um amigo. Foi postar o texto "Alpino Fast - Você Está Sendo
Enganado" para as visitas ao blog explodirem ("mais de
100 mil visitas únicas e mil retuítes"). Foi ele que denunciou
o caso à Promotoria e ao Conar.

Outro lado

A Nestlé disse que o Alpino Fast é feito com ingredientes
que lhe conferem "sabor similar" ao do chocolate Alpino.

Não foi possível, porém, criar uma bebida que fosse
exatamente a versão derretida do Alpino, em razão de os
produtos terem "processos produtivos diferentes", disse
a empresa.

Segundo a Nestlé, o Alpino Fast foi aprovado em pesquisa
feita entre 2008 e 2009 com consumidores frequentes
do bombom.

"Os resultados asseguraram que as características da
bebida foram relacionadas à marca Alpino, tendo revelado
que a grande maioria dos consumidores reconheceu na
bebida o verdadeiro sabor do chocolate Alpino."

Sobre a inscrição "Este produto não contém Alpino",
contida na embalagem em letras pequenas, a Nestlé disse
que a incluiu em consideração à "transparência da
comunicação com o consumidor, em especial aquele
que, eventualmente, tivesse a expectativa de que o produto
 fosse simplesmente chocolate Alpino derretido e engarrafado".

A Nestlé não informou quantos Alpino Fast já vendeu. O
produto custa na faixa de R$ 2,50 --a publicidade mira
principalmente o público na faixa dos 18 anos.

Ninguém sabe quem é que ensinou a malandragem.
Se foram as empresas daqui  para as estrangeiras, ou se
foram elas que trouxeram o esquema para cá.Esquema
que a muito tempo vem sendo usado.

Começou com o papel higiênico que diminuiu na
metragem, depois passou para as bolachas que de 200
gramas passaram para 180 e assim por diante, tudo nas
barbas dos órgãos de fiscalização governamentais.

O governo explora o povo e deixa os industriários fazerem
o mesmo.É um país largado. Todos fazem o que querem.
Depois vem os índices de inflação também, maquiados e
o povo levando menos nos produtos. Só idiota não percebe.

Fico admirado de pegarem esta emprêsa com a boca na
botija.Deveríamos  ter leis mais rigorosas para esse tipo de
falcatrua.No entanto continua-se a favorecer a
malandragem. Lembram-se das pílulas anticoncepcionais
feitas com farinha?O que aconteceu com o laboratório?


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