Festa na horta




















Nova onda Verde
Consciência. Horta caseira é uma opção na busca de uma
alimentação saudável. Se ela for orgânica, melhor para o
planeta.
 Marisa Vieira da Costa / Ângela Caçapava /Zeca Wittner
O Estado De São Paulo.
Verde. No parque Solo Sagrado, em Parelheiros, o berçário
de almeirão faz conjunto com as flores, também cultivadas
de forma sustentável.

Enquanto os alimentos cultivados de maneira saudável, os
orgânicos, não chegam à mesa de todos, uma alternativa é
plantá-los em casa. Até 50 anos atrás, muita gente tinha a
sua horta no quintal e a verdura para a salada ou o legume
para sopa estavam sempre fresquinhos.

Mas as cidades cresceram e a revolução que aumentou a
produção no campo se estabeleceu. "E caiu a qualidade dos
alimentos", constata o engenheiro agrônomo Marcelo
Noronha, sócio da empresa Minha Horta, que dá consultoria
e monta plantações orgânicas.

Segundo ele, a questão do espaço não deve desanimar quem
tem vontade de cultivar alguma espécie no ambiente
doméstico. É lógico que quem mora em apartamento não vai
colher alfaces e pimentões, mas terá à mão temperos e folhas
para infusões. Já quem tem um grande terraço pode cultivar
até rúcula, alface e tomate cereja.

"Se a pessoa estiver disposta a cuidar bem do que planta, dá
para fazer uma bela horta com vasos e jardineiras. O
importante é escolher as espécies e seguir algumas regras",
explica Noronha. "Primeiro mandamento: o lugar de plantio
deve estar sempre voltado para o norte, a fim de garantir a
incidência do sol.

Também é importante escolher terra e sementes ou mudas
de boa qualidade, ter cuidado na rega (o excesso de água
estraga o plantio) e prevenir (ou tratar) pragas com métodos
naturais. E nada de misturar muitas espécies no mesmo
recipiente."

"Vasos pequenos comportam uma ou duas sementes, no
máximo", ensina ele. "Nos redondos e com profundidade,
plantam-se manjericão, alecrim, pimentas, capim-cidreira,
louro. Nos mais rasos, tomilho, orégano, salsinha, cebolinha,
coentro e hortelã, por exemplo."

Com hortaliças, que exigem espaços maiores - como uma
varanda extensa - é preciso ter paciência. "Se você colher
um pé de alface hoje, tem de saber que vai ter de colocar
outra semente para ter outro só depois de 40 dias. Já a
maioria dos temperos é perene."

Algumas frutíferas também vão bem em apartamentos, como
limão, jabuticaba, romã e pitanga, que podem ser plantados
em grandes vasos. "Mas a produção é condizente com o local
de plantio", adverte Marcelo.

Pela natureza. O engenheiro agrônomo Marcelo Noronha,
que dá cursos e monta hortas caseiras

Plantações caseiras. No caso de hortas em terreno de mais
de 10 m² é outra história. Aí sim, pode-se plantar folhosas
(todos os tipos de alface, rúcula, agrião, escarola, almeirão,
catalonha, brócolis, couve, couve-flor) e leguminosas
(cenoura, berinjela, pimentão, beterraba, abobrinha).

Os cuidados, nesse caso, são um pouco maiores, segundo
o agrônomo. "É preciso saber administrar o terreno,
planejando o plantio. Deve-se fazer rodízios e deixar a terra
descansar. E proteger o solo com a cobertura morta - restos
de folhas, cascas de frutas e legumes, borra de café, casca
de ovo, cinza de lareira ou de fogão a lenha. A rega também
é importante."

Em vasos ou direto no solo, o controle de pragas é
fundamental para a agricultura orgânica, que usa como
preventivos pulverização com chás. Se a planta já estiver
contaminada, Marcelo ensina que se deve arrancar as folhas
comprometidas, diminuir a quantidade de água e pulverizar
infusões naturais.

Chuchu. Considerado um fruto, pois tem sementes internas,
vai bem em plantações caseiras

VOCÊ PRODUZ O QUE COME

Luminosidade: Escolha um lugar que receba muito sol

Preparo do vaso: Monte o vaso com camadas de argila
expandida, manta bidim ou areia de construção e terra
adubada com composto orgânico

Cuidados com a rega: Observe a quantidade de água.
Se ela escorre rápido pelo fundo do vaso é porque há
excesso. O ideal é regar a cada dois ou três dias. O sistema
de gotejamento é o mais indicado

Controle de praga: Observe diariamente as folhas para ver
se não há pragas. Faça trabalho preventivo com
pulverização de chás naturais - como de alho ou de pimenta
malagueta. Se a planta estiver contaminada, arranque as
folhas doentes e pulverize com chá de fumo-de-corda,
por exemplo.

Rodízio no plantio: Não se cultiva a mesma espécie no mesmo
lugar no plantio seguinte. É recomendado trocar a produção
de folhosas por tubérculos ou leguminosas. Por exemplo:
onde se plantou alface, da próxima vez, plante cenouras ou
ervilhas

PARA ENTENDER

O fracasso da revolução verde

Tudo começou depois da 2ª Guerra Mundial, quando tomou
corpo a ideia de que o fantasma da fome poderia ser afastado
com a industrialização do campo. Venenos usados para matar
soldados podiam também aniquilar pragas agrícolas e os
tanques, então obsoletos, seriam convertidos em tratores.

Esses ideais se transformam na Revolução Verde, baseada
na invenção e disseminação de sementes modificadas e
técnicas que permitiriam aumento na produção nas décadas
de 60 e 70. Mas o uso de fertilizantes e agrotóxicos, a
mecanização do plantio, irrigação e colheita desaguaram
no abuso das monoculturas e na degradação ambiental e
cultural da agricultura tradicional.

Cuba foi um dos países atingidos por esse fenômeno
(há 40 anos, a ilha era uma grande exportadora de açúcar
e fumo). Em 1989, com o colapso da URSS, o país perdeu
mais de 80% do seu mercado. Para enfrentar a crise,
pequenos lotes em Havana e arredores foram transformados
em hortas comunitárias. Hoje, quase toda a produção
desses locais é orgânica.

Um comentário:

Horta Pronta Online disse...

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Grato, Eliel.