Prevenindo


Com água no pescoço
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13/01/2011 - 22:57 | Enviado por: Deborah Lannes

Um dos responsáveis pela tragédia que se abateu sobre a Região Serrana do Estado do Rio tem nome e sobrenome: Geddel Vieira Lima, pecuarista e cacauicultor que ano passado ocupando o cargo de Ministro da Integração Nacional enviou um caminhão de dinheiro para a Bahia (mais de 50%) e uns trocados para o Rio de Janeiro (menos de 1%) da verba destinada ao combate a enchentes e outras catástrofes.

 Compreende-se: Geddel já sonhava com sua candidatura ao Governo da Bahia. No Brasil tudo começa e termina na vontade política ou – dito de outra maneira – na ambição e interesses dos políticos.
Geddel sempre se defenderá informando que a distribuição de recursos dependia dos projetos que lhe eram apresentados.

Como se fosse possível prever o mau humor da Natureza! Se o Estado do Rio esperava por sol e maré mansa o ano inteiro e apresentou somente dois projetos e a Bahia lhe entregou 50 de calamidades publicas, o ministro sentia muito, mas teria que seguir as regras do jogo. Dos 50, provavelmente 48 foram produzidos na ante-sala do seu gabinete por prefeitos que lhe prometeram apoio nas eleições. Não é assim que o Brasil funciona?

O numero de mortos nesta tragédia fluminense é uma ofensa aos que continuam vivos. Um país que se gaba de ser a oitava economia do planeta e bate na porta do Primeiro Mundo não pode permitir que seus cidadãos, centenas deles, desapareçam como nos tempos do Antigo Testamento. Se fosse para cobrir os pecadores com um mar de lama, a ira de Deus errou de endereço: deveria se dirigir a Brasília. O Estado do Rio já pagou sua cota de sofrimento nesta rotina de dor que se repete como um disco quebrado.

Países civilizados têm planos de emergência para enfrentar furacões, tornados, nevascas e outras desgraças menos votadas, mas os governantes tupiniquins, orgulhosos de nossos índices econômicos – a Bolsa subiu? – continuam apostando que Deus é brasileiro e a tragédia de ontem não voltará amanhã.
O desprezo pelo ser humano nesse país salta aos olhos na inundação da cidade paulista de Franco da Rocha.

Voce pensa que foi a chuva que botou o município debaixo d’água? Pois creia: foi a Sabesp, empresa de saneamento de São Paulo que abriu as comportas da represa Paiva Castro alegando que o nível da água havia chegado aos limites de segurança. De segurança da represa – bem entendido -não da população da cidade! Resultado: alagou tudo, prédios públicos, lojas comerciais, o Fórum, Prefeitura, a delegacia de policia e no Hospital Psiquiátrico 90 detentas tiveram que ser transferidas porque não sabiam nadar.

 Ou seja, para salvar a represa que se danem os habitantes de Franco da Rocha. O Prefeito agora declarou que vai pedir ajuda aos governos estadual e federal para reconstruir a cidade. Reconstruir para que? Se na próxima chuvarada a represa abrirá as comportas e vai inundar tudo novamente? Ao invés de reconstruir a cidade, melhor seria destruir a represa. Ou então que a Sabesp distribuísse bóias e botes infláveis para a população. Pelo menos assim deixaria a impressão de que se preocupa com a vida dos moradores de Franco da Rocha.

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