Literatura- 58.O tálamo...

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Disse ao barman que queria receber um dinheiro do Joacaz e se por acaso ele estava por ali. O barman meio hipnotizado, talvez pelas minhas pernas que estavam mais a mostra enquanto sentava na banqueta alta, assentiu com a cabeça. Me ofereceu um drinque , mas rejeitei dando uma desculpa e adiando para mais tarde. Esperei um pouco, ate´o segurança da porta que dava entrada para os fundos ir ao banheiro ou dar uma relaxada. Eu não queria causar tumulto logo no inicio da visita. Fica mais difícil. Mas se demorasse não teria outra escolha. Por sorte o “armário” deu um tempo e com isso aproveitei e entrei de fininho. Era uma pequena sala com uma mesa coberta com uma toalha verde e rodeada de jogadores de cartas. A fumaça dos cigarros deixava uma atmosfera pesada e irritante. Somente os homens a mesa, concentrados nos cartões com desenhos e números que não percebiam o ar venenoso.Uma garota rodeava um dos jogadores. Nessa sala,ainda tinha duas portas. Uma delas seria um banheiro. Outra certamente que era o escritório do homem que eu procurava. Atravessei a sala sem que ninguém da mesa me desse atenção. Abri a porta com cuidado e dei de cara com o vagabundo, sentado a mesa cheio de papéis e fazendo talvez uma conta. Quando me viu, se controlou e disse:----Olá Ísis... a que devo a honra da visita?Mudou de ideia quanto a nós?--Mudei sim...para pior.Na saleta cabia pouca coisa. Além da mesa onde estava sentado o homem, tinha um sofá , duas cadeiras em frente a mesa e um armário encostado a parede do fundo. Ele se levantou com uma arma na mão e apontando para mim.--Creio que a visita não é cordial, não é mesmo?----Perguntou ele.--Depende de você...se devolver o dinheiro que mandou me roubar, poderemos entrar em um acordo e daí vou matá-lo sem que sinta dor.----Disse eu e reparando que ao lado da mesa tinha duas maletas. Uma pequena de cor cinza e outra grande preta. Uma ao lado da outra.--Bom,não sei se você reparou, mas parece que quem faz as regras aqui , sou eu. Não está vendo a arma em minha mão?--Estou, mas isso para mim não faz muita diferença.----Dizendo isso peguei a arma que estava em minhas costas tão rápido, que ele abriu a boca ao ver minha agilidade. Ficamos ali parados por alguns segundos até que falei.--Queria que você me dissesse , quem foi que te pagou para eliminar o PG.O individuo já perdendo a suposta graça , ainda tentou forçar um sorriso de escarnio. Quando percebi que ele acionou o gatilho, imediatamente tirei o corpo um pouco de lado e a bala passou raspando meu braço. Antes que ele atirasse novamente , acertei-o um projétil na garganta. Caiu sobre a mesa e um jato de sangue inundou todos os papeis. Ainda teve força para mais um tiro , porem este saiu sem direção e atingiu a parede lateral. Cheguei perto, segurei a arma com uma mão e com a outra pequei-o pelos cabelos e tentei fazê-lo falar. Mas já era um pouco tarde. Em seguida peguei a maleta maior e ao sair dei de encontro com outro elemento que vinha com uma arma pronta para atirar.

 Rapidamente como estava bem próximo dele, dei um tapa em sua mão fazendo a arma cair. O homem ergueu as duas mãos para cima e se encostou a parede, ao lado da porta .Olhei para ele com cara de brava e disse:----Olha... se você não quiser ter o mesmo fim que ele é melhor responder minhas perguntas.-----O homem acenou positivo com a cabeça.--Muito bem ...----Disse eu---- Você é o sócio do defunto ali?----Mais uma vez ele acenou que sim com a cabeça.--Ok...Eu quero saber quem pagou para vocês exterminarem o PG.--Olha eu nada tenho a ver com os negócios dele. A gente aqui só divide o lucro da boate.-- Resposta errada...vou dar mais uma chance.----Dizendo isso apertei o cano da arma em seus documentos. O cara branqueou.--Olha... parece que foi uma pessoa lá da capital. Se não me engano seu nome é Aristides.--Tá certo...agora você vai ficar bem quietinho aqui e nada vai fazer. Se houver outro ataque ao meu marido ou qualquer reação que me desagrade, volto aqui e explodo tudo com você e seus comparsas dentro. Entendido?--Sssim senhora.----Parecia apavorado.Daí sai calmamente, os camaradas que jogavam cartas desapareceram, talvez com os tiros. O salão da boate esta quase deserto. Alguns que restaram me olhavam como quisessem se esconder. E assim foi.--Peraí...Você disse que o cara deu um nome... e que era Aristides?---Sim--Caramba, não é possível que o Aristides voltasse a lembrar de mim. Estava em uma condição que não oferecia perigo a ninguém. Segundo as últimas informações antes de sair da cidade, ele estava bem devagar. Sera´que se recuperou a tal ponto de querer vingança?--Temos que investigar PG. Você não poderá viver com a preocupação de ser atacado a qualquer momento. A não ser que mudemos de país. Mesmo assim é maior o trabalho do que se déssemos um jeito nele.----Depois disso , passei todas as informações para minha mulher a respeito do Aristides. Contei desde os tempos que trabalhava junto dele até quando voltei para resgatá-lo daquele lugar horrível. Era necessário que ela soubesse todos os pormenores , porque de agora em diante era ela que iria assumir meus problemas.

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