Literatura.62- O tálamo...

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De volta, sem perder tempo, ela pegou uma pá , uma picareta e foi até embaixo de uma grande mangueira. Lá fez uma cova em minutos. Pouco tempo depois estava eu chorando em cima do monte de terra. Isis plantava mudas de flores. Em breve aquilo estaria como um jardim florido. Ninguém iria desconfiar que tinha um corpo enterrado alí. Quando ela terminou, o sol já estava apontando amarelado no horizonte. O sono passara e a noite ficou marcada nos meus olhos cansados e escuros. Ja estava na fase da vida de ansiar pela paz e tranquilidade. A canseira dos dias as vezes ofuscava a minha vontade e não raro me flagrava encostado em alguma coisa, com os pensamentos tão distantes como as estrelas. Planejamos de mudar novamente , agora para bem longe. Dinheiro a gente tinha para passar o resto de minha vida dentro do razoável.---Só faltava mais uma coisa a ser feita---dizia Ísis.---Tem que ser feita, porque senão vão continuar a nos perseguir e a gente nunca vai ter Sossêgo. Localizamos o endereço pelo numero do telefone. O nome do dono da linha não correspondia com o que a gente procurava...um tal de Aristides. Era em uma rua de um bairro classe média na capital. Tínhamos que ir até lá.Era por volta de 19 horas. Estávamos estacionados em uma rua arborizada, o que facilitava camuflar nosso carro, pelas sombras. Tínhamos estudado bem a situação e minha mulher chegou a conclusão que teríamos que atacar , antes que fossemos atacados novamente. Nessas circunstâncias, era acabar com tudo que fosse ameaça. Em parte, concordava com ela. Quando a gente se mete com bandidos, dificilmente fica numa boa. Ela tinha nas mãos uma arma que ao sair do carro colocou enfiada na parte da frente da calça jeans, onde dificilmente alguém iria por a mão para revistá-la. Perguntei se sabia o que ia fazer. Ela afirmou que sim.Desceu normalmente do carro e mandou que esperasse, como de outra vez. Na frente do prédio de apartamentos tinha três seguranças que, certamente armados, esperavam alguma coisa. Quando a viram se aproximar demais a cercaram. ---O que a senhora quer por aquí?---Perguntou um com cara de bravo.--- Eu vim falar com o Aristides, no apartamento 120.---O que a senhora quer tratar com ele?---Nada de mais apenas devolver um dinheiro que pertence a ele.---Está com o dinheiro aí?--- Retrucou o grandão.---Claro que não. Vocês me tomam por idiota?Mas está aquí perto.---Confirmou.---Espere um pouco.---Dito isso ele foi até a portaria do prédio, enquanto outros dois ficaram a trinta centímetros de Isis, para dar o bote caso tentasse fugir. Eu no carro, ficava rezando para que o tempo passasse rápido e fôssemos embora. Não gostava daquela cidade. Do barulho, da poluição e principalmente das lembranças de quando ali vivi. Preocupação com a moça eu não tinha. O homem depois de alguns minutos retornou. Devia ter feito uma ligação para o chefe para saber o procedimento. Pegou ela pelo braço e a levou para dentro do prédio, acompanhado de mais um. O terceiro ficou rondando a frente do edifício. No saguão a encostaram em um canto de penumbra e a revistaram como ela havia previsto. Quando o indivíduo desceu a mão na direção da pelve, ela rapidamente a segurou e disse:---Aí não é lugar de guardar arma.---Parece que a firmeza da voz da moça ajudou e o homem deu por finalizada a revista. Pegaram o elevador e sempre com ela no meio dos dois chegaram ao 12 andar. Era um apartamento único. O indivíduo deveria ser rico para morar nessas condições. Ou ainda alí seria somente o escritório para negócios.Sentado em uma enorme mesa, lá estava o indivíduo que ela procurava. 


Os dois comparsas não desgrudavam.---Então você está querendo devolver o meu dinheiro?Eu não a conheço. Me explique do que se trata.---Falou o homem de aproximadamente cinquenta anos, cabelo grisalho e com olhar frio.---Sim ---Disse ela---Fui eu que peguei o dinheiro na boate de seu amigo.---Então foi você que fez o estrago na boate?--- Sim...e é o que vou fazer aqui.---Nessas alturas, os dois já seguravam no braço da moça, para impedir qualquer coisa. Considerando que a conversa nada tinha de útil, ela com um solavanco rápido torceu os braços repentinamente, atirou os dois brutamontes em cima da mesa do chefe,causando um alvoroço de cadeiras caindo e até o homem sentado virou de pernas para o ar. Antes que se aprumassem ela já com a arma na mão, rapidamente executou um por um, conferindo bem para não deixar sobrevivente. Desceu pelas escadas, tão rápida como o próprio elevador. Na rua, antes que o vigia reagisse, levou uma bala na testa, caindo com parte do corpo sobre um bonito canteiro de margaridas, ficando só com as pernas aparecendo.Pessoas que passavam no local, ou ficavam paralisadas ou fugiam rapidamente, pensando ser um assalto em andamento.O tempo para mim,se arrastava devagar .Cada minuto parecia uma hora. Já estava suando frio com os nervos a flor da pele quando ela retornou com mais uma sacola.---Vamos embora PG.----Saí devagar para não chamar atenção e não cantar os pneus, embora a pressa fosse enorme.----Teve mais algum problema la dentro?---Perguntei curioso.---Sim... tentaram me subjugar, daí tive que usar da força. Encontrei também esta sacola dentro do cofre dele, que estava com a porta destravada. Acho que é mais dinheiro para nos compensar o trabalho. Parece que tínhamos resolvido de vez por todas, o problema. Agora era tomar um chá de sumiço e começar nova vida,em algum lugar bem lonje.

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