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Eliza
me ajudou muito na pesquisa de encontrar o tal de Aristides. Em pouco
tempo sabíamos onde ele morava, trabalhava e até onde frequentava
nos passeios e horas de folga, a cor e marca do seu carro, e o numero
da placa. Comprei uma peruca loira para disfarçar Eliza, e também
algumas roupas um pouco mais extravagantes para sua grande atuação.
Depois de tudo preparado, resolvemos marcar um dia para pormos em
ação o plano. Estudamos varias possibilidades, contando que na
maioria das vezes tem-se que adaptar um pouco ou ate mudar o
estudado completamente. Na vida real os cenários sempre se alteram e
muitas vezes, em um segundo tudo muda. Ela estava bem escolada para
isso e preparada para eventuais mudanças nos planos. Aluguei um
carro, especialmente para usar na operação. Era uma tarde fria
quando Aristides saiu do trabalho, rumo a sua casa. Um vento
persistente deixava à tarde desagradável e áspera. O trânsito
ainda estava calmo naquelas horas. Em certa altura do percurso ele
viu uma bonita e vistosa loira sair de um carro estacionado, em um
lugar onde era mais despovoado. Havia casas, mas, a uma distância
razoável. A moça deu um sinal discreto, indicando que o carro
estava com problemas. Ele parou um pouco à frente, esperando alguns
minutos, observando para ver se não era uma armadilha. Nestes tempos
de violência galopante, todo cuidado era pouco. Tinha muitos casos
de motoristas serem sequestrados, roubados e mortos por dar carona a
moças bonitas. Constatou que não era possível alguém se esconder
nos arredores pois nada tinha para ocultar pessoas. Mesmo o mato se
resumia a pouca coisa, rala e disforme. Voltou de marcha-ré até
emparelhar com o carro da moça. Ao lado, observou bem para
confirmar, se não tinha ninguém a mais, dentro do veiculo, talvez
baixado entre os bancos. Não tinha. Daí encostou seu veiculo a
frente e perguntou o que tinha acontecido. Ela se aproximou fazendo
carinha de anjo sofrido e disse:
----Por
favor, meu carro desmanchou. O Senhor poderia me dar uma carona?Estou
morrendo de frio.
----Vai
deixar seu carro aqui?----Perguntou ele.
----Vou...
Não tem problema... Tem seguro total e também logo meu ex-marido
vira buscá-lo.
----Vamos
lá então. ----Já com a garota sentada ao seu lado e mostrando um
par de belas coxas praticamente encostadas ao cambio, ele perguntou:
----Você
disse ex-marido?
----Sim...
Separamo-nos há dois anos. ----Respondeu ela procurando fazer uma
carinha da mais charmosa possível. ----Mas continuamos muito amigos.
----Isso
é muito bom. ----disse ele, já arquitetando uma conversa
característica, de bom chavequeiro.
----O
Senhor é casado?----perguntou ela com expressão de curiosa,
tentando tirar as pedras do caminho, para o ver chegar à cantada
final. ----Há... Sou sim... Mas meu casamento é diferente dos
outros. Minha mulher não gosta mais de mim e nem eu dela. Vivemos
juntos como dois amigos que moram em uma mesma casa. Eu tenho minha
liberdade e ela também. ----Eliza, na hora percebeu que tudo que ele
falava era mentira. Lembrou-se de PG. Além de gostar dele, parecia
ser um dos homens sinceros que conhecera.
----Pois
é... Eu e meu ex tentamos esse esquema também, mas não deu
certo... Ele começou a trazer mulheres para casa, perto de mim.
Achei aquilo humilhante e me mudei.
----É...
Desse jeito não dá... Tem que haver respeito. ---- completou o
homem, ao mesmo tempo em que mudava a marcha e tocava na perna da
loira com a ponta dos dedos, acidentalmente. Esta parecia que não
ligava para isso, continuando a deixar a perna no lugar. Depois de
alguns quilômetros já perto do centro da cidade, ela apontou para
uma praça a frente e disse:
----Pode
parar ali, por favor?
----Assim
tão rápido?Pensei que fosse mais longe... não deu nem pra gente
conversar direito.
----É...
Sinto muito. Mas tenho que descer aqui mesmo. ----Insistiu ela. Minha
casa é aqui perto.
----Esta
certa... Sabe, gostei de você e gostaria de vê-la novamente para
conversarmos mais. Hoje falamos muito pouco. ----Demorou, mas
resolveu, (Pensou ela), fazendo cara de seria.
----Tudo
bem... eu ando resolvendo uns problemas e não tenho feito outra
coisa. Mas, deixe seu telefone que a hora que surgir uma
possibilidade eu ligo para a gente combinar alguma coisa.
----Muito
bem... Está aqui. E lá da firma... Diga que quer falar com o Dr.
Aristides... E o seu nome qual é?
----Beatriz.
----Disse ela apurando a atenção nele, para captar alguma pequena
reação em seu semblante.
----Beatriz...
----Falou ele pensativo. ----Já conheci alguém com esse nome.
----Disse sem demonstrar o mínimo de alteração na fisionomia.
----Era
bonita?----Indagou com um sorriso enigmático.
----Não
tanto quanto você. ----Disse, forçando convicção. A moça já
estava abrindo a porta.
----Obrigada
pela ajuda, foi muito bom o senhor parar e me acudir. Hoje já não
temos muitos cavalheiros. Até mais.
------------
Eu
estava escondido a uma distância segura de cem metros, disfarçado
com uma capa e um enorme bigode de português, dando cobertura a
moça. O vento frio gelava minhas pernas, de ficar parado ali por
tanto tempo. Coisa nada agradável. O local não era muito acolhedor
e despertava apreensão .Tão logo vi que Eliza subiu no outro carro
e este desapareceu no fim da avenida quase deserta, corri até o
veiculo, que já estava com a chave no contato. Quando estava a
cinquenta metros do veículo, chegou um sujeito primeiro do que eu.
Como já tinha dito a Elisa, que planos as vezes mudam, este já
estava na eminência de pegar outro rumo. Corri, dando tudo que tinha
nas pernas, para chegar ao carro antes que o indivíduo desse a
partida. Por sorte, parece que ele estava mais interessado em
verificar se tinha algo de valor dentro do carro, antes de sair
dirigindo por aí. Isso me deu tempo de chegar na hora. O ladrão já
estava sentado ao volante. Ofegante pelo esforço descomunal cheguei
a janela e disse: --- Sai já daí e eu deixo por barato.--- O rapaz
parece que se intimidou e saiu. Se estivesse armado, poderia ter
desferido um tiro de dentro para fora, a queima roupa. No momento não
pensei nisso. Por sorte o indivíduo estava desarmado. Deveria ser um
ladrão de carros comum.
---
O que que você quer...levar o carro?
---
Não... só estava dando uma olhada.
---Muito
bem... chega pra lá então, que o carro é meu.
---
E se não for seu? Disse o petulante.
---Quer
ver o documento? Está aqui dentro da capa. Mas acho que você não
vai gostar não.---Ele parece que entendeu a mensagem e disse:--- Ok.
Deixa pra lá, que eu fico na minha.---Entrei no veiculo e dei a
partida, sempre de olho no sujeito. Depois que me afastei ainda vi
ele pelo retrovisor,no mesmo lugar, me observando ir embora. Acho que
ele não tinha visto a chave do carro no contato. A minha jogada de
conversa deu certo. Depois disso cheguei em casa a contento.
Esperaria pela moça para me contar os detalhes. Dentro de quinze
minutos ela chegou, dizendo que o homem parecia estar interessado e
que tinha pegado o telefone dele para marcarem o encontro. Não
contei a ela do incidente, porque achei desnecessário. Naquelas
horas o foco era outro assunto. A conversa daí rumou para, como as
coisas teriam dado sorte e encontrado o sujeito com facilidade. Eu
disse que certas pessoas são como peixes. Tem que usar uma isca
especial para capturá-los. Eliza sorriu, imaginando ser uma isca.
---Você me acha uma boa isca?
----Claro...daquelas
especiais.
----Não
uma minhoca?
----Claro
que não... seria daquelas artificiais, com enfeitinhos.
----Oh!!
Sou artificial---Disse ela vindo para o meu lado , balançando as
ancas. A peguei pela cintura, dei um aperto suave, tirando dela um
pequeno gemido.
----Para
mim, você é muito natural.
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