Literatura-40.O tálamo...

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Sentei-me em uma cadeira com os cotovelos nos joelhos e as mãos no rosto. Tentava encontrar uma resposta para tudo aquilo que estava acontecendo. A funcionária da loja se achegou com um copo na mão e me ofereceu:-Tome um pouco de água seu PG. O Senhor está branco como cêra. Aconteceu alguma coisa? O Senhor está passando bem?--Rapidamente tive que inventar uma resposta pela insistência da moça.Eu estou bem. Tive uma espécie de pesadelo e estou com cuidado de Isis, que saiu antes de eu acordar e não sei para onde foi.--Certamente foi ao supermercado comprar alguma coisa. Já deve voltar. ----Tentava a moça me acalmar. Nunca tinha prestado muita atenção a minha funcionária. Tinha-a contratado por intermédio de uma agência e vinha com todos os requisitos aceitáveis. Agora ali comecei a olhar por outros ângulos , a quem me prestava serviço. Era uma morena pouco mais baixa que eu e vi que tinha uma beleza escondida por traz da cortina obscura do relacionamento profissional que tem um patrão com empregado. Vivia alheio aos negócios e quase não tratava de questões fora disso, com ela. Tomei um pouco da água e senti que dependia também dela, para as coisas andarem normalmente. Na verdade ela não era apenas uma vendedora, mas administradora de meus negócios. Não sabia e não entendia como as coisas chegaram a tal ponto e o quanto grande fora minha negligência, em deixar nas mãos das duas o comércio. Francamente, eu não era um bom comerciante.

E agora, onde está a outra?Fiz algumas perguntas sobre pagamentos e notas e ela prontamente me apresentou, todos os dados no computador. Estavam ali, compras, pagamentos, vendas e informações gerais do estabelecimento. Senti firmeza e percebi que se houvesse uma combinação não era entre as duas. Eu tinha o péssimo hábito até aqueles dias de sempre desconfiar das pessoas. Depois de confirmar com ela se ficaria bem, sozinha na loja,voltei para casa recomendando para me ligar caso ocorresse algo. Deitei-me um pouco no sofá da sala para fazer um resumo do que teria ocorrido.Ísis, chip, planeta, alienígenas, formação das estrelas, tudo passava pela minha cabeça tentando unir uma coisa a outra e obter uma resposta clara. De um salto corri até o quarto e abri o guarda roupa para conferir. As roupas da moça estavam todas lá. No caso era improvável que tivesse me abandonado. Tentei forçar a memória para lembrar os pesadelos. Pouca coisa vinha à tona, vultos, alguém gritando. Daí, consegui construir pela experiência anterior o que provavelmente tinha acontecido. Na realidade eu não estava tendo pesadelos. Estava paralisado como de outra vez que eles vieram. Os gritos seriam de Ísis, que se opunha a voltar com eles. Nada havia que tirasse essa ideia da minha cabeça. Uma hora antes de ser fechado o comercio, voltei à loja. Queria conversar um pouco mais com a funcionária. Ela apreensiva, me perguntou se tinha novidades. Chamei-a frente a frente e comecei dizendo:-Tenho algo pra contar e espero que não me tome por louco. ---- Ela ficou com cara de assustada, mas logo a acalmei dizendo que nada era de grave. Contei toda a historia de forma resumida do que aconteceu na noite passada. Ela não acreditando perguntou se eu estava bem.-Estou ótimo----Respondi. ---Sabia que você não ia acreditar, mas eu não minto nem tenho razão para tal. E se mesmo assim você decidir, pode ir a policia que daí quem vai ser passada por louca será você. Isis não tinha documento algum. Portanto, oficialmente ela não existe. ----A moça me olhava com uma mistura de medo e curiosidade.-O senhor acha que ela então foi sequestrada? E por que não tinha documentos?-Sim... Quanto aos documentos é uma longa historia que vou contar a você aos poucos.


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