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E
assim minha vida continuou ate os dias de hoje, tranquila e feliz.
Estou mais devagar, tomando remédios para próstata, hipertensão,
contando os dias, que parece passam mais depressa. Moramos em um
pequeno chalé a beira de uma praia deserta. Gosto do cheiro do mar e
da tranquilidade do lugar. Isso só e´interrompido pelo barulho das
águas agitadas, ou pelo vento das tempestades. Minha mulher
continua a mesma de sempre. Jovem, bonita e cheia de vida. Trata-me
carinhosamente e cuida de mim como toda boa esposa cuida de seus
velhos maridos. Meus inimigos e meus poucos amigos ficaram todos no
passado, perdidos nas camadas do tempo. O meu ex chefe de firma,
Aristides, na verdade nunca quis fazer revanche depois que voltou da
viagem que eu o resgatei. A gente tinha desconfiado dele, mas era
apenas um coincidência de nomes. A diferença era na escrita: Um
era Aristides e outro Aristhide. Estava vindo uma nova era, com novas
gerações assumindo os lugares das velhas.
A mim, sobrou o papel de
observador. Nunca mais vi Celina. Talvez porque minha vida tornou-se
pacata e segura. Também não sonhei mais com ela. Ficou somente como
uma personagem no fundo de minhas lembranças. Mas espero encontra-la
um dia, nem que seja na hora de minha morte. Certa vez, um
psicoanalista me disse que ela era apenas uma criação de minha
mente. Nas condições estressantes por que passei, o cérebro criou
a personagem e assim eu tinha um apoio extra nas minhas angustias.
Mas nunca acreditei nessa teoria. Parei de discutir sobre o assunto,
porque se insistisse poderiam me chamar de louco .Os alienígenas me
deixaram viver em paz, ou porque não me acharam, ou porque
desistiram de mim. O tálamo está agora somente em minhas historias,
que ninguém acredita, ainda mais vinda de um velho. Nada posso
reclamar da vida no dia de hoje, porque tive as compensações para
os meus sofrimentos. Ísis agora está em frente à janela,
observando o céu noturno. Gostaria de saber o que ela está
pensando. Ela sabe o que tem no infinito espaço estrelado. Foi de lá
que ela veio.
FIM
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