Vazamento em fábrica da Braskem intoxica moradores em Maceió
Cerca de 130 pessoas deram entrada no hospital com sintomas de intoxicação respiratória, das quais muitas crianças e idosos
22 de maio de 2011
Ricardo Rodrigues, de O Estado de S. Paulo
MACEIÓ - Um vazamento de gás, ocorrido neste sábado à noite, na fábrica da Braskem, provocou pânico e atingiu vários moradores da região do Pontal e do Trapiche da Barra, em Maceió. Os moradores disseram que ouviram um estrondo e logo em seguida um cheiro forte de gás, mas a assessoria de comunicação da Braskem negou qualquer explosão na planta de gás da unidade da capital alagoana.
No entanto, a empresa admitiu - por meio de nota distribuída à imprensa - a ocorrência de um incidente, que estaria controlado e investigado. De acordo com moradores, o vazamento causou intoxicação em centenas de pessoas, principalmente crianças e idosos, nos bairros do Pontal e Trapiche da Barra, no extremo sul de Maceió, e na região da Ilha de Santa Rita, que ficam próximos à fábrica.
Toda a área da indústria foi isolada pelo Corpo de Bombeiros Militar (CBM). Ambulâncias do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e viaturas de resgate dos Bombeiros foram acionadas e levaram os intoxicados para o Hospital Geral do Estado (HGE), que fica nas imediações da fábrica.
Segundo informações de funcionários do HGE, até as 22 horas de sábado, mais de 100 pessoas já haviam dado entrada no hospital, com sintomas de intoxicação respiratória. Enfermeiros contaram que várias pessoas chegaram vomitando sangue. Moradores dos bairros atingidos contaram que muita gente desmaiou com o cheiro forte de gás e cloro. As pessoas não paravam de chegar, carregadas, ao hospital.
Durante toda a noite de ontem e madrugada de hoje, a frente do HGE esteve lotada de parentes das vítimas querendo saber o estado de saúde das pessoas hospitalizadas. Assustados, alguns moradores diziam que estavam com medo de voltar para suas casas, por causa do cheiro forte do gás que deixou a região impregnada.
Ainda na noite de sábado, o gerente de comunicação da Braskem, jornalista Milton Pradines, informou que o vazamento tinha sido controlado por volta das 20h45. Ele também divulgou uma nota à imprensa, relatando o incidente e as providências que estavam sendo tomadas pela empresa. (Veja abaixo a íntegra da nota da empresa)
Explosão negada
Pradines negou que tivesse ocorrido uma explosão na tubulação da Brasken, mas não soube explicar porque os moradores ouviram um estrondo vindo da fábrica. Logo após a divulgação do acidente, moradores vizinhos da Braskem disseram que foi ouvida uma explosão na fábrica, seguida de uma nuvem branca, que parecia fumaça, e logo após o cheiro forte de gás e cloro, que se espalhou pela região no entorno da fábrica.
Pouco depois, muitas pessoas em toda a área começaram a se sentir mal, não conseguiam respirar direito e passaram a vomitar. Crianças e pessoas idosas foram as mais afetadas. Alguns moradores disseram que algumas pessoas foram levadas para o HGE vomitando sangue, o que mais tarde seria confirmado por alguns enfermeiros de plantão.
No início da manhã de domingo, o HGE informou que cerca de 130 pacientes deram entrada com sintomas de intoxicação respiratória, dos quais muitas crianças e idosos. Desses pacientes, dez crianças tiveram que ser transferidas para a Clínica Infantil Dayse Breda, localizada no bairro da Levada, região central da capital.
Dos pacientes atendidos na noite de sábado no HGE, apenas uma criança teria ficado em estado grave e entubada. A maioria dos pacientes foi liberada na manhã deste domingo. Outros 30 ficaram internados, cinco deles na "área vermelha", em observação.
Maior indústria
Em Alagoas, a Braskem possui duas unidades: uma de cloro-soda, em Maceió, onde houve o vazamento; e uma de PVC, no município de Marechal Deodoro, na região metropolitana. Esta segunda unidade, localizada no pólo de Marechal, está passando por uma duplicação de sua planta. As obras da duplicação começaram no final do ano passado e devem consumir investimentos da ordem de R$ 2 bilhões.
A petroquímica é a maior indústria de Alagoas e pertence ao Grupo Odebrecht, um dos maiores do Brasil. A indústria foi instalada em Alagoas no início dos anos 70, com o nome de Salgema S/A Indústrias Químicas. Passou ao controle da Odebrecht depois da privatização da petroquímica brasileira, no governo Fernando Henrique Cardoso.
Nota de esclarecimento da Braskem:
"Às 19h38 do dia 21/05/2011, ocorreu um incidente de processo na Unidade Industrial de Cloro Soda Alagoas, ocasionando o acionamento de dois detectores de cloro existentes na fábrica que têm por objetivo identificar a presença de cloro no ambiente.
Acionamos todas as medidas de controle e a situação está normalizada desde 20h15, não havendo mais risco de exposição de cloro no ambiente. Os técnicos da Braskem estão apurando as causas do incidente.
Não foi constatada a exposição de nossos integrantes. A Braskem está monitorando a situação das pessoas que moram nas proximidades da fábrica, já tendo sido prestado pronto atendimento pelo Corpo de Bombeiros e pelo Samu, com o apoio das nossas equipes.
Os órgãos competentes já foram comunicados da ocorrência. A Braskem, através de suas equipes, continuará acompanhando o atendimento dado às pessoas junto aos órgãos de saúde. A Braskem lamenta profundamente o ocorrido e está empenhada em prestar todo apoio que se faça necessário."
Essa ocorrência não é a primeira que acontece no país.Geralmente contaminam pessoas e se não as levam a morte ficam doentes pelo resto da vida. As empresas se aproveitam da morosidade judiciária e do descaso do governo, para levar com a barriga.
Não existe controle eficiente por parte das autoridades, para instalações desse tipo e as empresas se aproveitam para negligenciar normas de segurança.Nossos governos passam o tempo (Nos últimos anos) fazendo corrupção e correndo atrás de providencias para salvar seus comparsas.
Enquanto isso as coisas de relevância e importantes para a população são deixadas de lado, ou engavetadas na câmara e no congresso.É por isso que tem-se por costume, depois que acontece os desastres é que corre-se atrás. Pior coisa , depois que morar em encostas e na beira de rios, é ter indústria química como vizinho.
Que adianta termos uma dezena de ministérios que só servem para dar emprego aos cumpanheros?O que a gente vê além de escândalos semanais é a incompetência no trato das coisas sérias e necessárias.Há um abismo entre o país e a tecnologia, nos deixando a mercê de empresas estrangeiras.
Continuem votando em gente despreparada, ignorante e veremos para onde que isto vai.
Veja mais:http://www.recantodospassaros.hpgvip.ig.com.br/o_caso_shell_paulinia.htm
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