Quem não quer , manda



12/05/2011
Obra do Minha Casa, Minha Vida é interditada em Bauru

Folha.com 
MARÍLIA ROCHA
DE CAMPINAS

Uma obra da construtora MRV em Bauru (329 km de São Paulo) que recebe verbas da Caixa Econômica Federal pelo programa Minha Casa, Minha Vida foi parcialmente interditada nesta quarta-feira (11) após fiscalização do Ministério Público do Trabalho e do Ministério do Trabalho.


Os órgãos proibiram o uso de serra circular nas obras, por não haver proteção nem caixa coletora de pó, o que pode resultar na amputação de braços e em problemas pulmonares.

Os andaimes foram interditados, por estarem muito próximos da rede elétrica e por falta de aderência ao solo. O trabalho também foi proibido no interior dos prédios, onde havia falta de iluminação, inclusive nas escadas.

Ainda foram apontados problemas como a ausência de equipamentos de proteção, fiação exposta e fornecimento insuficiente de água potável. Um dos alojamentos, que tinha capacidade para 12 trabalhadores, chegou a abrigar 38.

"Sem lavatório, os trabalhadores escovavam os dentes no tanque de lavar roupa, tomavam banho frio e dormiam em colchões finos, mofados e no chão", afirma o procurador do trabalho responsável pela fiscalização, Marcus Vinicius Gonçalves.

Segundo ele, nem todos os cômodos tinham iluminação e a casa não tinha armários nem mesa, apenas um sofá. "Faltava também ventilação, o odor era forte porque o responsável pela casa nos disse que não limpava o lugar há meses", disse Gonçalves.

Na manhã desta quinta-feira (12), houve uma audiência entre o Ministério Público do Trabalho, a MRV e as empreiteiras Michel Henrique Nunes Acabamentos e ED Legnaro Construções ME, que, segundo relatos dos trabalhadores, não realizavam os pagamentos havia 45 dias.

"Dois trabalhadores ainda estavam no alojamento e foram encaminhados a um hotel. Eles poderão fazer a rescisão de contrato e retornar para o Maranhão", afirmou o procurador. "O grande problema é que essas empresas terceirizadas muitas vezes são de ex-trabalhadores pouco capacitados para administração e sem suporte financeiro."

A reportagem não conseguiu falar com os responsáveis pelas duas empreiteiras.

A MRV informou, em nota, que observa as normas de segurança e medicina do trabalho e que "a maioria dos itens relacionados já foram adequados ou não são reconhecidos pela companhia como irregulares".

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