A viagem. Parte 5

A VIAGEM


Abri devagar e dei de cara com a dona da pensão, vestida de camisola amarela. Empurrou a porta e entrou devagar, fechando-a atrás de si. Eu parado, sem saber do que se tratava antes de abrir a boca para falar alguma coisa ela me abraçou e me empurrou para a cama.

Ato contínuo, ela apagou a vela e mergulhamos na escuridão total. A maciez daquele corpo feminino e um aroma de flor de laranjeira me envolveram totalmente. Tive a certeza que era a dona da pensão quando ela encostou-se a mim seus macios e poderosos peitos, irradiando calor e atiçando a libido.

Daí para frente à noite tomou novos rumos, se transformando em uma orquestração de molas rangendo, respiração pesada e gemidos surdos. Tudo foi muito bem até que ela resolveu falar em meu ouvido. ----Não faça barulho que pode acordar meu marido. ----Pronto... A partir dali acabou a festa, o sono e veio à tona somente a preocupação de ser pego de surpresa, por algum ciumento, violento e cheio de razões.

Quando as frestas da janela começaram a anunciar o dia em finas faixas de luz, ela se levantou. Rápida nas decisões e nas vestimentas me disse: ----Vou preparar um café, para o senhor não ir em jejum. Dali meia hora estava eu sentado em uma mesinha tomando café, em uma saleta onde tinha outras mesinhas, todas com toalhinhas brancas bordadas a mão.

Alem do café ela também me preparou um belo sanduíche de ovo frito, com mortadela. Aquilo seria o meu almoço durante a caminhada. No dia anterior tinha comprado umas bolachas duras, empoadas com bicarbonato, para prevenir o sustento durante a caminhada. Naqueles tempos eu era esperto e perspicaz. Notei com o canto dos olhos que um sujeito magro me espreitava pelo cômodo lateral da sala.

Fiquei indiferente e logo depois estava em frente o frondoso pé de ipê amarelo no fim da rua. Peguei a estradinha da esquerda e segui em frente. O sol começava a aparecer no horizonte e a manhã estava fresca e úmida, com os capins a beira da estrada esbranquiçados pelo orvalho. Enquanto caminhava ia observando a paisagem ao redor.

Os pássaros faziam uma festa, comemorando a nova manhã, nas revoadas, quando eu passava. Canários cor de gema cantavam nos palanques secos, onde faziam seus ninhos. Depois de caminhar bastante, pela posição do sol dava para ver que era por volta de dez horas. Até ali corria tudo bem.

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