A viagem. Parte 7

A VIAGEM

Pensava que a hora que o cavalo chegasse a casa, poderia alguém vir procurar o elemento e também a mim. Por volta de meio dia, parei um pouco e comi sem receio o sanduíche que a dona fizera.


Sentado em um barranco enquanto mastigava, observava a estrada ao longe pelo lado que poderia vir alguém. Passou sobre mim um bando de Anús- Pretos piando. À frente em um cupim abandonado, uma coruja de guarda observava meus movimentos.

Tão logo terminei o lanche segui em frente, sempre olhando ocasionalmente para traz, para ver se vinha alguém. Estava com razão em me resguardar, pois dali duas horas, vi um movimento ao longe.


Eram dois cavaleiros que vinham em minha direção. Nessas alturas a estrada passava no meio da mata atlântica. Poderiam ser amistosos, mas eu não poderia me arriscar. Brigar com dois já era demais. Entrei na mata e me escondi entre arbustos espessos. Senti que a temperatura abrandou para um quase frio.


A mata fechada era escura e exalava um cheiro variado de raízes podres até flores silvestres. Agachado, ali fiquei esperando e fazendo orações com o pensamento, suplicando para que passasse a agonia. Eram dois mal encarados que passaram cavalgando quietos e observando todos os cantos.

Notei que um tinha uma arma na cintura. Certamente estavam a minha procura. Fiquei ali com meus nervos e fazendo mil planos de escapar daquela. Se fossem viajantes, não voltariam. Se estivessem me procurando, logo teriam que voltar, antes da noite chegar.

Se não voltassem, à noite me pegaria ali mesmo. Teria que subir em uma árvore me amarrar nela com a corda e esperar o amanhecer para sair dali com segurança.

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