Perigo iminente
Após explosão de casos, municípios paulistas temem novo surto de dengue.
Com a chegada do verão, prefeituras correm para implementar ações de combate ao mosquito transmissor da doença e de conscientização da população; objetivo é evitar que o grande crescimento de registros ocorridos neste ano não se repita em 2011
22 de dezembro de 2010 | 0h 00
BRÁS HENRIQUE, REJANE LIMA, JOÃO CARLOS DE FARIA, TATIANA FÁVARO e JOSÉ MARIA TOMAZELA - O Estado de S.Paulo
Com a chegada do verão, municípios paulistas correm para preparar planos de contingência e combate à dengue, doença que teve uma explosão de casos neste ano. Em algumas regiões, como Sorocaba, o número de pessoas contaminadas até agora é 50 vezes maior que o registrado em 2009.
No litoral, alguns municípios estão em risco iminente de epidemia. Dados da Vigilância Epidemiológica de São Sebastião, por exemplo, mostram que o número de casos confirmados subiu de 110 em 2009 para 1.698 até o fim de novembro deste ano. A cidade optou por fazer mutirões de limpeza nos bairros e visitas regulares às residências.
Em Taubaté, no Vale do Paraíba, até agora foram 3.907 casos, contra 3 no ano passado. "Já temos uma epidemia. Estamos agora preparando uma guerra contra a doença", afirma a coordenadora da Vigilância Epidemiológica, Stella Zollner. Entre as medidas está um sistema de notificação em tempo real dos casos e a definição de unidades de saúde como referência para diagnóstico e tratamento.
Em Araraquara, os números de 2010 superam os de 2008, quando houve uma das piores epidemias da cidade. São 1.306 casos contra 1.280 na época. "Não podemos descuidar. Só não teremos um novo aumento se o trabalho de combate for bem feito", diz o coordenador da vigilância, Feiz Mattar.
Sorocaba, que neste ano teve 50 vezes mais casos em comparação com 2009, cinco áreas estão em estado de alerta. "Por isso é importante que a população se conscientize e elimine os os criadouros do mosquito", alerta Leandro Arruda, chefe do Serviço de Zoonoses.
Em Ribeirão Preto, para evitar uma nova epidemia, a Secretaria Municipal da Saúde preparou um plano de contingência. Em Campinas também houve intensificação das ações de combate.
Segundo André Ribas de Freitas, coordenador do programa de dengue, a proporção de casos deve se manter alta em 2011 e a tendência é de crescimento em crianças. "Quando há epidemias subsequentes em curto espaço de tempo, a tendência é uma diminuição na faixa etária."
Santos, que registrou epidemias por anos consecutivos, terá um programa de combate que une hospitais privados e públicos para criar um protocolo para coleta de dados e assistência.
Medo. Quem teve dengue não quer mais sofrer com os sintomas e os riscos da doença. A microempresária de Ribeirão Preto Patrícia de Oliveira, de 32 anos, nem imagina repetir o que passou. Após seu sobrinho se recuperar da doença, ela contraiu a dengue. "Tive uma coceira insuportável." Mesmo adotando todos os cuidados, seu cunhado foi o próximo da família a sofrer com a doença.
A secretária Elisabete Ferreira Farizatto, de 44 anos, vive com medo de pernilongo. Ela usa repelente diariamente e diz que vive uma "neurose". Seu receio tem motivos: ela contraiu dengue duas vezes e, neste ano, e teme ser vítima do tipo hemorrágico, mais perigoso. E lembra que a irmã de uma colega foi uma das vítimas da doença neste ano.
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