O USO INDISCRIMINADO E A FALTA DE
FISCALIZAÇÃO TORNA O AGROTÓXICO
UM PERIGO CRESCENTE.
AGROTÓXICOS: PERIGO CRESCENTE
O envenenamento por agrotóxicos atingiu mais de 14 mil
pessoas em 2003, causando 238 mortes. Dez anos antes
houve 6 mil ocorrências, com 161 mortes. O crescimento
expressivo das intoxicações foi identificado em estudo
realizado pelo Sistema Nacional de Informações
Tóxico-Farmacológicas (Sinitox), coordenado pelo Centro
de Informação Científica e Tecnológica (Cict) da Fiocruz.
Segundo Rosany Bochner, coordenadora do Sinitox, no
período abordado pela pesquisa (1993-2003) o crescimento
considerável do consumo de agrotóxicos no país transformou
esses produtos na terceira maior causa de intoxicação no
país, atrás apenas dos medicamentos e animais peçonhentos.
“Os números podem ser muito maiores, porque os casos
registrados são, geralmente, de intoxicação aguda, com
sintomas imediatos.
É difícil captar a intoxicação crônica,que se manifesta a longo
prazo”, disse Rosany à Agência FAPESP. O Sinitox dá assistência
à população, em casos de intoxicação,em 36 centros espalhados
em 19 Estados, com coordenação operacional da Agência Nacional
de Vigilância Sanitária (Anvisa).
O estudo foi realizado a partir das informações obtidas nesses
centros. O resultado não dá conta de todas as ocorrências, já
que não há centros em todos os Estados e a notificação não é
obrigatória.“Como a prioridade nos centros é o atendimento,
os dados estatísticos ficam em segundo plano e, às vezes, há
falta de informações precisas. Mesmo assim, o estudo foi possível a
partir da análise de uma série histórica compilada anualmente”,
disse Rosany. O estudo considerou os dados obtidos até 2003,
uma vez que não houve consolidação das informações posteriores.
CONSUMO EXAGERADO
No estudo, o Sinitox trabalhou com 17 agentes tóxicos divididos
em quatro categorias: de uso agrícola, uso doméstico, uso
veterinário e raticidas. No período analisado, os casos de
envenenamento por raticidas cresceram 54% na região Sul, 206%
no Centro-Oeste e 350% no Norte do país. No Nordeste, os agentes
tóxicos que mais registraram crescimento foram os de uso agrícola,
com uma alta de 164%.
No Sudeste, os acidentes aumentaram principalmente com produtos
veterinários: 309%. O Sinitox aponta para a relação entre faixa
etária e os quatro tipos de intoxicação. As crianças com idade entre
1 e 4 anos são as maiores vítimas de envenenamento por agrotóxicos
de uso doméstico (28,7%), por produtos veterinários (21%) e por
raticidas (23,9%).
Já os adultos jovens, na faixa de 20 a 29 anos, são os mais acometidos
pelas intoxicações por produtos de uso agrícola (23,2%).
Rosany acredita que o consumo exagerado de agrotóxicos é a
razão fundamental para o aumento em todos os casos, aliado ao
demográfico e ao mau uso dos produtos. No campo, segundo a
pesquisa, o risco de intoxicação é o dobro do registrado nas áreas
urbanas. “Sabemos que o trabalhador do campo não está preparado
para lidar com esses agentes tóxicos de alta letalidade, pois tem baixa
escolaridade, más condições de trabalho e não é orientado”, disse.
AMEAÇA CLANDESTINA
O caso mais grave, segundo Rosany, é o do produto conhecido
popularmente como “chumbinho”, utilizado indevidamente como
raticida. “O chumbinho é o grande fantasma hoje. Trata-se de um
agrotóxico de uso agrícola que, há alguns anos, começou a ser
utilizado como raticida. É péssimo para essa finalidade, mas acabou
criando um mito que tem matado muita gente”, diz.
Utilizado em lavouras de café e batata, o chumbinho tem toxicidade
tão alta que precisa ser enterrado para a aplicação agrícola. “Levam
esse produto para a cidade, fracionam em pacotes pequenos e vendem
até no comércio ambulante. Aqui no Rio de Janeiro, o IML recebe
pelo menos um caso por semana relacionado a esse produto. No
Nordeste o quadro é trágico – há morte quase todos os dias”,
alertou Rosany.
A coordenadora do Sinitox explica que em casos de intoxicação é
necessário procurar serviço médico. Em caso de dúvidas e
esclarecimentos, a população pode entrar em contato com o
Disque-Intoxicação da Anvisa. O telefone é 0800-722-6001, a ligação
é gratuita e o usuário é atendido por uma das 36 unidades da Rede
Nacional de Centros de Informação e Assistência Toxicológica
(Renaciat), presente em 19 Estados.
Mais informações: www.fiocruz.br/sinitox
Eu conheci um sitiante que ficou viuvo. Sua mulher começou a se sentir mal
e foi levada para o hospital ,onde pouco tempo depois veio a falecer.
Os médicos fizeram uma análise para saber o que realmente foi a causa da
morte . Depois de exames laboratoriais chegaram a conclusão que foi por
envenenamento.
Daí chamaram os filhos do casal urgentemente e exporam a situação: Se
fizessem o laudo da morte como envenenamento, certamente que o pai
deles seria indiciado pela justiça. Ficaria então a critério dos filhos
decidirem . Eles decidiram então por um laudo fictício , para não complicar
a vida do pai.
Os familiares depois disso apuraram a causa e descobriram que o pai em
sua total ignorância guardava os agrotóxicos com todo carinho, dentro de
casa. Como a esposa era a que ficava todo tempo por ali, foi a mais
contaminada. O marido como não parava em casa, não teve problemas.
Sempre eu digo que as coisas no Brasil são todas largadas. A historia
comprova isso. Quando eu tinha 13 anos, na década de 50,trabalhei em
um empório onde se vendia Arsênico e BHC aos picados. Chegava um
freguês e pedia 100 gramas do produto, e eu ia lá, abria o saco de papel
tirava com uma conchinha , levava ate´a balança e embrulhava com
jornal, como se fosse qualquer produto inofensivo.Tinha também o
agrotóxico chamado "Gamexame" ( especial para matar saúvas)que
vinha em engradados de madeira, dentro de litros de vidro com a boca
lacrada com gesso. Nas prateleiras havia um estoque de latinhas pretas
do chamado "Pó caveira".
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