Haja cemitério





















MORTOS EM "AUTOS DE RESISTÊNCIA" PASSAM DE 10 MIL
EM 11 ANOS NO RIO DE JANEIRO.

Número aumentou na atual gestão, com 3,6 mortes por dia em 2007;
neste ano, índice chega a 2,9 mortes diárias.
Felipe Werneck
O número oficial de mortos em alegados confrontos com policiais
passou de 10 mil no Estado do Rio. Isso ocorreu em julho, 11 anos
e 7 meses após a inclusão dos "autos de resistência" nas estatísticas
divulgadas pela Secretaria de Segurança.

De janeiro de 1998 a setembro deste ano, último dado disponível,
policiais civis e militares mataram 10.216 pessoas no Estado.
A média é de 2,4 mortos por dia. Criado durante a ditadura , o
registro policial de "resistência com morte do opositor - auto de
resistência" só começou a ser divulgado no último ano do governo
Marcello Alencar (PSDB).

No início de seu mandato, em 1995, Alencar criou, por decreto,
uma premiação em dinheiro para policiais por atos "de bravura".
A medida, conhecida como "gratificação faroeste", estimulou
mortes em supostos confrontos, apontou o estudo Letalidade da
Ação Policial no Rio, do Instituto de Estudos da Religião (Iser).

A pesquisa, encomendada pela Assembleia Legislativa e concluída
no fim de 2007, mostrou que, desde a entrada em vigor da
política de premiações, o número de mortos em ações policiais
dobrou na capital fluminense, passando de 16 para 32 por mês,
e o índice de letalidade subiu de 1,7 para 3,5 mortos por ferido.

Foram comparados dois períodos: janeiro de 1993 a abril de 1995
(anterior à aplicação da gratificação) e maio de 1995 a julho de
1996, posterior, em que a Secretaria de Segurança passou a ser
comandada pelo general Nilton Cerqueira.

Como naquela época não havia divulgação oficial sobre autos de
resistência, os pesquisadores tiveram de analisar um a um os
registros de ocorrência nas 38 delegacias da capital. O resultado
apontou fortes indícios de execuções sumárias na gestão de
Cerqueira: não houve testemunhas na maioria dos casos (83%);
o número médio de perfurações era de 4,3 por vítima;

61% dos mortos apresentavam pelo menos um tiro na cabeça;
e 65% tinham recebido pelo menos um tiro pelas costas, o que
indica que muitos estariam fugindo da polícia. No entanto, dos
301 inquéritos encontrados pelos pesquisadores, 295 foram
arquivados sem julgamento.

O estudo teve grande repercussão e isso forçou o governo a
divulgar regularmente estatísticas sobre mortes em alegados
confrontos, a partir de 1998. Em junho daquele ano, a
Assembleia Legislativa suspendeu a "gratificação faroeste".

No entanto, os policiais promovidos ou premiados continuam
recebendo os benefícios. O advogado Luiz Paulo Viveiros de
Castro, que representou 600 policiais na Justiça, estima que
cerca de 5 mil tenham sido gratificados, com aumentos de
até 150% no salário.

RADIOGRAFIA DA BARBÁRIE

Responsável pela pesquisa do Iser, o sociólogo Ignacio Cano,
hoje vice-diretor do Laboratório de Análise da Violência e
professor da Universidade do Estado (Uerj), avalia que a
"gratificação faroeste" teve "impacto de longo prazo e
consolidou o confronto armado como política de segurança".

"Trata-se de uma política que não trouxe nada de positivo.
" Para ele, os 10 mil autos registrados em pouco mais de
uma década são "a radiografia da barbárie". "É um número
superior ao de muitas guerras. São Paulo tem uma população
maior, um contingente policial superior, e o número de
mortes é muito inferior."

A série histórica disponível no Instituto de Segurança Pública
(ISP) mostra que a média de mortos em alegados confrontos
pulou de 1 por dia no último ano de Alencar para 3,3 por
dia na gestão Sérgio Cabral (PMDB), ante 2,9 no período de
Rosinha Garotinho (2003-2006), 2,4 no de Benedita da Silva
(abril - dezembro de 2002) e 1,2 no de Anthony Garotinho
(1999 - março de 2002).

O atual governador do Rio é o campeão de autos de resistência:
em 2007, foi registrado o maior número absoluto (1.330) e a
maior taxa por 100 mil habitantes (8,2). Em junho daquele ano,
operação policial no Complexo do Alemão resultou na morte
de 19 pessoas.

Sob Cabral, um defensor da "política de enfrentamento", foi
atingida a marca de 147 mortes praticadas por policiais em um
mês, quase cinco por dia. Isso ocorreu seguidamente em abril
e maio de 2008. Foi o ápice dos autos. Em 2009, até setembro,
a média de mortos pela polícia (2,9 por dia) está mais baixa que
a dos primeiros anos de Cabral: 3,6 em 2007 e 3,1 em 2008.

Procurada, a Secretaria de Segurança divulgou uma nota:
"A solução é de médio e longo prazo, com a retomada de
territórios com as UPPs (Unidades de Policiamento Pacificadoras)
e o melhor controle sobre as armas que chegam ao Estado.
A secretaria não abre mão de reprimir os traficantes.

" A secretaria sustenta que "o caso do Rio é diferente". "Os autos
refletem uma antiga realidade do Estado e há pelo menos sete
anos são elevados. Temos facções usando fuzis, armas de alta
letalidade, que enfrentam a legalidade custe o que custar,
inclusive arriscando a vida. A polícia é obrigada a agir
neste contexto."

Parece que no Rio , o número de bandidos está chegando a metade
da população, ou seja 50% gente boa e 50% de manos. Levando em
conta a noticia acima chega-se a essa conclusão. Morrem bandidos igual
moscas.E parece que nunca acaba. Vai um, vem outro.

Agora o que eu queria saber é quantos inocentes trabalhadores ja
morreram vitimas de balas perdidas e assaltos a mão armada.
Parece que com essa turma, ninguém se preocupa. E nem
pesquisa fazem.

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