A empresa estava em construção e muita coisa não tinha sido
organizada.O restaurante do futuro estava apenas nas bases
de concreto.Os que moravam na cidade iam ate´a casa para
almoçarem.Muitos que ainda moravam em outras cidades
traziam a marmita.Eu era um deles.
Na sala de engenharia improvisada, no prédio onde seria a
tinturaria, ficava o engenheiro chefe, um fiscal de obras,um
comprador e mais três desenhistas.Todos, menos o engenheiro,
eram novatos de firma.Praxedes,rapaz calmo e de boa
conversa era o fiscal de obras e o seu serviço como se deduz o
mantinha fora da sala o maior tempo do expediente.
Em sua mesa, junto aos papeis ele sempre deixava sua carteira,
talão de cheques e objetos que porventura o atrapalhariam na
descida a buracos e subidas a escadas bambas.Pela lógica e
considerando o ambiente de trabalho, não haveria possibilidade
de ninguem mexer em seus pertences.
Entre os desenhistas, tinha um baixinho que chamavam pelo
apelido de Catatau.Rapazinho humilde, cheio de paciencia com a
vida, mas diziam que tinha um vício.Era um cliente de
traficantes.Más linguas falavam que na hora do almoço ele e
mais um outro entravam pelas valas das construções para fumar
maconha.
Certo dia, a tarde, na hora de arrumar as coisas para ir embora,
Praxedes dá o alarme, embora discretamente falando com cada
um da sala, ao pe´do ouvido.Tinham roubado um folha do seu
talão de cheques.Não demorou muito chegou até o Catatau, que
prontamente confessou o crime, com varias tentativas de
justificar o injustificável.
Para ele nada tinha de mais em pegar uma folhinha do cheque
do amigo.Não se sabe como ou quem, contou o caso ao engenheiro
chefe.Outro dia logo de manhã, êste chamou os dois para
conversar e saber os detalhes.Quando a tarde chegou, com a
preguiça pós almoço, os dois ja estavam demitidos.
Praxedes protestou, tentando mostrar que de sua parte não havia
culpa alguma, mas não houve clemência.A mudança de seu destino,
ficou unicamente relacionada a um detalhe:Deixar o talão de
cheques a vista.
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