Gases incômodos

























DEZESSETE MIL VIVEM SOBRE LIXÔES NA GRANDE SÃO PAULO
Condições em duas favelas do ABC lembram o Morro do Bumba,
que desmoronou em Niterói e matou 36 pessoas.


Eduardo Reina - O Estado de S.Paulo
Pelo menos 17 mil pessoas moram hoje em casas construídas sobre
lixões desativados na região metropolitana de São Paulo.
Aproximadamente 5 mil delas vivem no Sítio Joaninha, um morro
na divisa de São Bernardo do Campo com Diadema. Outras 5.600
ocupam a comunidade do Espírito Santo, em Santo André.

Com condições pra lá de precárias, os dois locais no ABC lembram
outro morro que ficou conhecido na semana passada depois de
deslizar sobre casas e matar dezenas de pessoas ? o Bumba,
em Niterói, Rio de Janeiro.

Na Favela do Espírito Santo, são 1.400 famílias morando há 14
anos em casas sobre um antigo lixão. O núcleo, numa área de
151,9 mil metros quadrados, foi dividido em dois segmentos pelo
Instituto de Pesquisa Tecnológicas (IPT) .

No primeiro, a permanência das famílias ainda é aceitável.
No outro, com cerca de 620 famílias, as condições do solo não
são seguras e há necessidade de remoção da população.

Em 2003, a prefeitura da cidade recebeu dinheiro do Banco
Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para
a reurbanização na parte sã do núcleo. As obras ainda não foram
concluídas.

Já em Mauá, também no ABC paulista, outras 6.800 pessoas não
correm risco de ver seus imóveis desmoronar devido a
deslizamentos de terra, mas enfrentam o perigo de viver sobre
um antigo lixão industrial que emana gases explosivos.

São os moradores do condomínio de classe média Barão de Mauá.
Há dez anos, uma forte explosão provocada por gás matou um
homem e feriu outro gravemente.

Hoje há monitoramento constante da emissão dos gases tóxicos
no subsolo ? ali existem 55 prédios. Laudo técnico constatou a
presença de bário, cádmio, cobre, cromo, mercúrio, níquel e
zinco acima dos valores considerados de alerta.

Os moradores pedem na Justiça indenizações junto aos
incorporadores e antigo dono do terreno: Cofap, Construtora
Soma, SQG Empreendimentos e Construções e Paulicoop
Planejamento e Assessoria a Cooperativas.

Capital. Nem a cidade de São Paulo escapa do problema. Existem
pelo menos duas favelas sobre antigos depósitos de lixo: a Quadra
de Futebol, na Freguesia do Ó, zona norte, e a Willin, no Ipiranga,
zona sul. Nelas vivem 520 moradores.

Outras 12 favelas da capital são vizinhas de áreas onde funcionaram
lixões. Há riscos para os moradores, mas a Prefeitura garante que
não são graves, pois seus técnicos fazem monitoramente periódico
das áreas.


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