LIBERDADE QUERIDA
Nos tempos de mocidade, além da ignorância peculiar da idade, era
influenciado pela cultura local de onde vivia.Hábito perverso e talvez
até maligno, era o povo ter passarinhos em gaiolas.Isso ate´hoje persiste,
talvez em menor escala, pressionada pela lei vingente.
Havia ate´um comércio de canários e vinhados, onde os mais famosos
atingiam preços altíssimos.Naquela época os canários ainda faziam ninhos
nos buracos dos palanques dos grandes quintais, nas beiradas da cidade.
.Os pardais também estavam chegando e não sei por que motivo os
canários estavam se afastando.
.Dava gosto em ouvir os cantos melodiosos ao nascer do sol. Logo que
algum vagabundo percebia, vinha com seu alçapão fixado em uma gaiola,
com outro pássaro preso e a pendurava na área.O da gaiola começava a
cantar e atraia outro para a prisão perpétua.
O vagal ficava a uma distância, sentado em um barranco, esperando
pacientemente o
desfecho. Não raro ,
fumando um cigarro
Coliseu (Os
mais baratos).Ja na
outra aurora não se
ouvia mais o gracioso
piar enchendo
de alegria a manhã
ensolarada.Eu nunca
fui de prender
passarinho, mas
em uma ocasião obtive
em troca com um serviço de radio, dois Tuins.
O tuin é um periquito nacional. Disse o rapaz que eram os dois criados
em gaiola.Mentiu.Pássaro criado em gaiola é manso.Aqueles ficavam
desesperados quando a gente se aproximava com a mão.Ficaram algum
tempo pendurados na porta da cozinha de minha casa.Uma tarde quente
e clara, estava eu sentado nas proximidades , escutei os pássaros se
agitarem, percebendo alguma coisa.
Dalí a pouco passou um bando deles fazendo a maior algazarra. Os da
gaiola quase estouravam de agitação.Passado o evento, comecei a meditar
e me analisar sobre o que tinha feito.Se Deus fez eles para voarem alegres
e felizes, porque eu, um miserável ser humano teria que impor a duas
criaturinhas frágeis e de natureza liberal, uma terrível gaiola de espaço
reduzido, só pelo prazer de ve-los alí a minha disposição.
Cheguei a conclusão que tinha cometido um grande pecado.Imediatamente
fui até a gaiola e abri devagar a portinha e a deixei amarrada aberta.Agora
eles poderiam usar o livre arbítrio. Ou ficarem ou irem embora.Outro dia
os dois sairam da gaiola e ficaram por perto.Quando chegou a tardinha, na
hora em que as aves se recolhem eles voltaram para a gaiola.
Ali tinha água e comida.No segundo dia, passou novamente a irmandade
fazendo alarido pelo céu azul e infinito.Um deles pegou carona com a turma
e foi-se embora. Fiquei feliz com aquilo e uma paz suave e cristalina invadiu meu
coração.O que ficou , dentro de poucos dias foi embora também.
Talvez com outra turma de tuins que passaram nas proximidades.Olhei a
gaiola vazia, simbolo da carceragem perversa e pedi perdão a Deus pela
falha cometida.Prometi a mim mesmo nunca mais cometer esse crime.
VEJA TAMBÉM
http://www.cruzeirodosul.inf.br/materia.phl?editoria=36&id=291392
http://www.anda.jor.br/?p=6835
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