Energia ociosa



















PAÍS TEM 10 MIL MW DE ENERGIA NA GAVETA.


Relatório de fiscalização da Aneel mostra que 182 usinas estão paradas,
 sem previsão para entrada em operação por causa de uma série de problemas.

Renée Pereira - O Estado de S.Paulo
Enquanto o governo se mobiliza para construir a mega hidrelétrica de Belo
 Monte, no Pará, de 11.233 megawatts (MW), outras 182 usinas estão na
 gaveta, sem previsão de construção, por causa de problemas ambientais,
jurídicos e econômicos.
 Juntas, elas somam 10 mil MW de capacidade instalada, o equivalente a
25% da potência dos novos projetos de geração elétrica no Brasil (sem
 Belo Monte).

Os dados constam do último relatório de fiscalização da Agência Nacional
 de Energia Elétrica (Aneel) e incluem hidrelétricas, termoelétricas e
Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs, de até 30 MW). Algumas delas
 estão no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2), desde a
 versão anterior, de 2007, como Tijuco Alto, Pai Querê e Cachoeirinha.

Para saírem do papel, essas unidades teriam de contar não apenas com o
 esforço do Ministério de Minas e Energia, mas também do Palácio do
 Planalto. A exemplo de Belo Monte, algumas sofrem fortes pressões por
parte de órgãos ambientais.

No total, essas usinas custariam cerca de R$ 26 bilhões, com a vantagem
 de não estarem concentradas em um local nem dependerem só de uma
fonte de energia. "O mais correto agora seria revisitar essas usinas e
avaliar qual tem condição de ser construída ou não", diz o diretor do
Centro Brasileiro de Infra Estrutura (CBIE), Adriano Pires.

Ele lembra que, para sustentar um crescimento de 5% ao ano da economia,
o País terá de acrescentar quase 5 mil MW a cada 12 meses. Embora a
 universalização da eletricidade tenha atingido níveis elevados, muitos dos
 novos consumidores têm apenas uma lâmpada e uma TV dentro de casa,
 destaca Pires. "Mas, com a alta da renda, as pessoas tendem a comprar
 equipamentos que exigem mais energia."

Portanto, reforçam especialistas, os projetos não podem ser desprezados.
 Parte dessas usinas foi licitada no início da década, no modelo do governo
de Fernando Henrique Cardoso, quando os empreendimentos eram
 entregues aos vencedores sem a licença ambiental prévia. Outras foram
autorizadas nos últimos quatro anos, sob as regras criadas pela então
 ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff.

Licença. Motivos não faltam para paralisar os projetos. Mas o principal
deles é a dificuldade de conseguir a licença ambiental, em especial no caso
 das hidrelétricas. No total, são 13 usinas, de 2.482 MW, paradas. O
 projeto mais emblemático é o de Tijuco Alto, autorizado por decreto em 1988.

Há 21 anos, o Grupo Votorantim tenta levantar a usina, de 144 MW, no
Vale do Ribeira (SP e PR). Nesse tempo, o projeto teve muitas idas e
vindas. No último movimento, o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e
Recursos Renováveis (Ibama) deu parecer favorável, mas pediu estudos
 complementares em relação às cavernas existentes na região. O trabalho
deverá ser entregue nos próximos dias.

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