Por dia, País despeja na natureza 2.360 piscinas de esgoto sem tratamento.
Estudo mostra que 81 maiores cidades do Brasil só tratam 36% do esgoto.
Daniel Gonzales, do estadão.com.br
Em fevereiro deste ano, toneladas de peixes apareceram mortos na Lagoa
Rodrigo de Freitas, no Rio. Todos os dias, 5,9 bilhões de litros de esgotos
sem qualquer tipo de tratamento são despejados em rios e praias brasileiras
- e isso apenas nas cidades com mais de 300 mil habitantes (81 municípios
em todo o País, onde vivem 72 milhões de habitantes). Essa quantidade
de esgoto sem tratamento equivale a 2.360 piscinas olímpicas, todos os dias.
Os dados nacionais sobre saneamento estão em estudo, divulgado ontem,
do Instituto Trata Brasil, uma Organização da Sociedade Civil de Interesse
Público (Oscip), e foram reunidos com base no Sistema Nacional de
Informações sobre Saneamento (SNIS), sob responsabilidade do Ministério
das Cidades. Em março último, o órgão federal atualizou o sistema com as
informações mais recentes disponíveis, fornecidos por concessionárias de
água e esgoto em todo o País, referentes ao ano de 2008.
Segundo o Instituto, que tem o apoio de órgãos como a Agencia Nacional
de Águas (ANA), Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental
(Abes), Associação das Empresas de Saneamento Básico Estaduais
(Aesbe), Associação Brasileira das Concessionárias Privadas de Serviços
Públicos de Água e Esgoto (Abcon) e Fundação Getúlio Vargas (FGV),
entre outros órgãos, apenas cerca de 36% do esgoto gerado nas 81 maiores
cidades brasileiras (o total é de 9,3 bilhões de litros por dia) recebem algum
tipo de tratamento - um índice considerado longe do ideal.
"São dados públicos, que estão na internet, e que utilizamos para cobrar as
prefeituras por mais investimentos e políticas públicas para a área", diz Raul
Pinho, conselheiro do Trata Brasil.
De acordo com ele, a situação da capital paulista e de cidades do Estado
de São Paulo foi, em geral, de avanço nos últimos anos, com ganhos na
questão do tratamento de esgotos. "Entre 2007 e 2008, a Sabesp fez muitos
investimentos e melhorou o índice de tratamento na capital", afirma. Hoje,
cerca de 68% do esgoto paulistano é tratado; e os municípios de Jundiaí,
Franca, Santos, Ribeirão Preto e Sorocaba aparecem entre as 10 primeiras
cidades no ranking nacional das que mais tratam esgotos.
Os destaques negativos, diz ele, vão para municípios do norte do País,
como Belém (PA), Rio Branco (AC) e Porto Velho (RO). A capital
paraense trata 6% de seu esgoto, enquanto a acreana atinge 3% do
volume tratado. Já a capital de Rondônia, com 379 mil habitantes, não
trata esgotos - joga tudo em rios.
Cidades da Baixada Fluminense, como Nova Iguaçu e Duque de Caxias,
também aparecem com índices baixíssimos de tratamento, não superiores
a 5%. "O Rio de Janeiro também caminhou para trás: declarou tratar
60% de seu esgoto em 2007 e 48% em 2008", diz. Todas esses
municípios acabam lançando uma grande quantidade de esgoto in natura
na Baía de Guanabara, que deve sediar as competições de iatismo nas
Olimpíadas de 2016.
Segundo Pinho, os avanços no setor foram "evidentes" desde 2003, mas
ainda muito lentos. Para assegurar a universalização dos serviços de
tratamento de esgotos, seriam necessários, diz ele, investimentos anuais
de no mínimo R$ 10 bilhões por ano. Com isso, 100% dos esgotos do
País poderiam ser tratados, já em 2027.
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Para sermos um país de primeiro mundo, teríamos que arrumar o alicerce.
O tratamento de esgotos é o básico, antes de se propagar outros feitos
populares, mas sem importância. Nenhum político gosta de investir em
esgoto.São obras que não aparecem e pelo ver deles, não dão votos.
Um político brasileiro quando é eleito, no primeiro dia de mandato, sua
preocupação já é a reeleição. Esta foi a maior besteira feita pelos tucanalhas
na era FHC. Nossos rios estão morrendo dia a dia, e ninguém toma
providências,a não ser criar entidades governamentais e ongs que
nada fazem, a não ser dar emprego aos apadrinhados.
Vai ser muito divertido em 2016, quando das olimpíadas, os barquinhos
do iatismo navegarem no esgoto dos cariocas.
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