Justiça do Pará condena homem após 28 anos do assassinato.
Apesar da condenação, o réu continuará impune. O julgamento de Herzog foi à revelia, pois ele está foragido. A decisão tardia da Justiça é o desfecho de um processo que levou nove anos para ser aberto e de um crime que não foi investigado na época: a polícia não fez nem a perícia do corpo do lavrador.
Segundo a CPT (Comissão Pastoral da Terra), mesmo tendo envolvimento no crime, Herzog não é o principal acusado. Conforme a entidade ligada à Igreja Católica, o suposto mandante e também autor dos disparos seria o fazendeiro Valter Valente, "contra o qual há provas fortes", mas hoje com cerca de 80 anos de idade não será submetido a julgamento, informa nota da CPT.
A promotora do caso, Cristiane Magella Silva Corrêa disse que a demora do julgamento demonstra "as circunstâncias de funcionamento da Justiça no Pará. Onde há comarcas sem juízes e promotores e, quando existem, não há servidores".
Segundo ela, a polícia não conta com estrutura para fazer o trabalho de investigação e, nesse cenário, as testemunhas têm medo de depor.
"A morosidade da Justiça é ainda maior quando o crime é contra o trabalhador rural", reclama o frei Henri Des Rosiers, advogado da CPT.
Para ele, o julgamento de Herzog não valeu. "Condenação que não está concretizado é uma farsa", disse.
O assassinato de Belchior Martins Costa ocorreu por causa de disputa pela posse de terra na região.
O lavrador foi morto quando trabalhava na roça de arroz. Segundo o laudo de um médico não ligado à Secretaria de Segurança do Pará, no corpo de Belchior havia 140 perfurações.
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