A hora da morte
















Onze da noite é a hora da morte

Folha de S.Paulo

Das 23h à 0h. Foi nesse intervalo do dia que ocorreram mais homicídios no primeiro semestre na cidade de São Paulo. As informações constam de levantamento inédito feito pela reportagem a partir da base de dados da polícia.

De 639 crimes analisados --97% dos 660 casos contados pelo Estado--, 48, ou 7,8%, ocorreram nessa hora.

Para policiais e especialistas em segurança, trata-se de um momento em que as pessoas, quando juntas, não raro estão sob efeito do álcool.

De acordo com o delegado Marcos Carneiro, considerado pelos colegas um estudioso das dinâmicas de crimes, boa parte dos homicídios ocorre por motivos banais.

Se o recorte é a semana, domingo é o dia que registra mais assassinatos: foram 110 casos no período, ou 17,2%. Depois vêm sexta e sábado.

Isso ocorre porque no fim de semana as pessoas saem mais de casa a fim de se divertir, dizem especialistas, que citam, de novo, o fator álcool como preponderante. Outro dado relevante é o alto índice de homicídios nas noites de quarta-feira.

"Na quarta tem o futebol", diz o delegado Marco Antônio Desgualdo, chefe do departamento que investiga homicídios na capital.

O secretário-geral do Fórum Brasileiro de Segurança, o sociólogo Renato Sérgio de Lima, também acredita haver uma relação entre as partidas de futebol e os crimes.

"A população também pode estar ficando mais nos bares", diz. "A situação amplia o número de gente nas ruas e aumenta a possibilidade de crimes ocorrerem."

Segundo Lima, a polícia usa a inteligência --dados de horários e dias-- para distribuir seu efetivo. Para ele, a melhor forma de combatê-lo é desarmando a população.

A PM não quis comentar o levantamento.

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