Guerra saudável


                 Médicos param para protestar contra planos

07 de abril de 2011 A Federação Nacional dos Médicos afirma que os médicos foram orientados a remarcar os pacientes para a data mais próxima
Karina Toledo - O Estado de S.Paulo

O ginecologista Paulo Nicolau desmarcou as 30 consultas que estavam agendadas para hoje em seu consultório. Ele vai participar da paralisação nacional dos médicos para pedir reajuste na remuneração paga pelas operadoras de plano de saúde. "Só atendo se alguma de minhas gestantes precisar de mim com urgência", diz.

Cerca de 90% de suas pacientes são usuárias de planos de saúde. O valor médio pago pelas operadoras por consulta, segundo o médico, é de R$ 30. "É menos do que um pacote de fraldas. Gasto uma fortuna com livros e cursos para me atualizar e atender bem. Mas, no fim do mês, quando vejo meus honorários, dá vontade de largar tudo."

Valéria Martins, pneumologista, também desmarcou seus atendimentos eletivos para participar da passeata marcada para hoje na capital. Mas ela diz que vai atender normalmente os pacientes que estão internados. "Esses não posso abandonar."

Nos últimos cinco anos, a ginecologista Maria Rita de Souza Mesquita se descredenciou de aproximadamente 15 planos de saúde. "Minha especialidade é gestação de alto risco. Eu sofria toda aquela angústia ao lado das famílias para receber um valor irrisório pelo parto. E ainda demoravam meses para pagar."

Hoje ela trabalha com seis operadoras - que correspondem a 60% de sua clientela. O atendimento a essas pacientes foi suspenso hoje. Até uma cesariana foi adiada para amanhã.

Marcio Bichara, diretor da Federação Nacional dos Médicos (Fenam), afirma que os médicos foram orientados a remarcar os pacientes para a data mais próxima. "Ainda que tenham de abrir horários extras em sua agenda. Não queremos prejudicar os pacientes", afirma.

Números. Cerca de 160 mil médicos de todo o país que atendem pacientes com planos de saúde vão suspender consultas e procedimentos agendados para hoje quando se comemora o Dia Mundial da Saúde. O objetivo é a valorização do trabalho médico, da assistência em saúde oferecida pelos planos. Além disso, a categoria questiona o baixo salário e a forma como médicos e os pacientes são tratados pelas empresas de plano de saúde.

Os médicos estimam o aumento de R$ 60 a ser pago por consulta. Atualmente, a maioria dos planos de saúde paga entre R$ 25 e R$ 40 por consulta, podendo ter alteração nos valores de região para região.

Os planos e seguros de saúde no Brasil são responsáveis pelo atendimento de 45,5 milhões de pessoas. O número de médicos que atendem pelos planos é de aproximadamente 160 mil. Nesta quinta-feira, 7, haverá um ato público com objetivo de reforçar a união da classe e mostrar para a população e a imprensa a pauta de reivindicações. A concentração será as 9h30 no Centro Clinico Sul em Brasília.

(Com Agência Brasil)



Nenhum comentário: