Fé da hora, assistência tardia.



























Um ano após tragédia, famílias reclamam da Renascer

AE - Agencia Estado
Parentes de mortos no desabamento do teto do templo da Igreja
Renascer em Cristo, no Cambuci, zona sul de São Paulo, reclamam
da falta de assistência da igreja depois que seus parentes foram
enterrados. O telhado ruiu há um ano, matou nove pessoas e feriu
mais de uma centena.

Os familiares dizem que a Renascer pagou os sepultamentos e não
os procurou mais. Pelo menos três das oito casas interditadas no
acidente continuam com suas edículas destruídas.

"Estamos largados", diz a funcionária pública Vera Lúcia da Silva,
de 50 anos, filha de Maria de Lourdes da Silva, de 67 anos, morta
no acidente. "Estamos tristes porque eles (Renascer) falam de amor,
mas não acolhem as famílias das vítimas", afirma Vera, que não
entrou com ação na Justiça.

A reportagem procurou os parentes dos mortos, mas apenas dois
relataram como foram os 12 meses que se seguiram ao desabamento.
Outros seis não foram localizados. Um dos parentes não quis se
manifestar por medo de retaliações por parte da Renascer.

A rotina do gerente Antonio Paro Júnior, de 33 anos, mudou depois
que sua mãe, Dalva Ferreira, de 71 anos, morreu no desabamento.
Era ela quem cuidava da neta, de 5 anos, durante a semana. "Minha
mulher teve de deixar o emprego para cuidar de nossa filha", diz
Júnior, que ainda decide se vai entrar com ação indenizatória na Justiça.

A Renascer quer reconstruir a sede no mesmo lugar. Mas as obras
estão paradas porque a Justiça aceitou o pedido do Ministério Público
para cassar o alvará concedido à igreja, alegando que é ilegal. O inquérito
criminal que apontará os culpados pelo acidente não foi concluído. A
investigação corre em Brasília e, se houver julgamento, este será feito
pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Edículas

As edículas de três das oito casas da Rua Robertson, vizinhas ao templo
e que foram danificadas pelo desabamento, continuam iguais: destruídas
e com entulho por todos os lados. "Está tudo parado. Não tivemos opção",
diz o professor Felipe Ayub, de 33 anos, na casa de seu pai, Marassoré
Morégola, de 68 anos. Ayub explica que seu pai ainda não reformou o
imóvel porque depende de autorização judicial. "Entramos com um
processo na Justiça."

A casa de outro morador, que preferiu o anonimato, depende da mesma
autorização. "A Renascer ofereceu uma empresa inadequada, sem
registro no Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia
(Crea), para fazer a reforma. Nós não aprovamos." Dos quatro imóveis
da via interditados, só um foi reformado. O dono da casa, que também
não quis se identificar, diz que a Renascer pagou a obra.

Defesa

A Igreja Renascer afirmou em nota que o desabamento do teto de sua
sede foi um de seus mais duros golpes. Segundo o texto, o que torna o
tema menos doloroso "é a certeza no triunfo da Justiça, e as próprias
investigações oficiais que demonstraram a isenção de culpa da igreja
no ocorrido".

O laudo do Instituto de Criminalística, que investigou as causas do
desabamento, apontou que o acidente foi provocado por falhas na
manutenção da estrutura do imóvel. Das 14 tesouras que sustentavam
o telhado, só uma, que ficava em cima do altar, não recebeu reforço
metálico numa reforma realizada entre 1999 e 2000.

Em relação às reformas das casas vizinhas ao templo da igreja, a
Renascer afirma que os reparos já foram feitos nos imóveis onde houve
consentimento. A igreja não quis se pronunciar sobre temas ligados ao
acidente porque estes estão em juízo.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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