Barulho santo.






















IGREJA   GANHA  DE   BAR   EM   BARULHO.

Casas noturnas lideravam reclamações desde 1994.

Diego Zanchetta - O Estado de S.Paulo
Os templos religiosos de São Paulo lideraram o ranking de queixas de
poluição sonora feitas no Ministério Público Estadual em 2009, com
uma média de cinco representações por mês. Desde a implementação
das regras do Programa de Silêncio Urbano (Psiu), em 1994, foi a
primeira vez que as reclamações referentes a bares e a casas noturnas
 foram superadas no MP.

São cerca de 22 mil templos na capital paulista, enquanto restaurantes,
 casas noturnas e similares somam 55 mil, segundo sindicatos do setor.

O Estado ouviu na semana passada moradores que apresentaram cinco
 representações nas Promotorias de Urbanismo e de Meio Ambiente
 contra o ruído de templos. Os vizinhos de igrejas dizem ter encontrado
 pouco amparo na fiscalização municipal.

Como constatou a reportagem, templos que possuem alvará como local
de reuniões ou eventos realizam até 12 cultos por semana, sem ser
 incomodados pelos agentes da Prefeitura.

É o caso da Igreja Mundial do Poder de Deus, na Rua Carneiro Leão,
 no Brás, região central, que funciona em um antigo galpão das Indústrias
 Matarazzo. O templo para 15 mil pessoas ficou interditado por 53 dias,
 entre dezembro e fevereiro, mas foi reaberto após alvará provisório da
 Secretaria Municipal de Habitação (Sehab), em 13 de fevereiro.
 No alvará consta a permissão para a realização de "eventos" duas
 vezes por semana.

Mas a igreja informa que os cultos são às segundas, terças, quintas e
domingos, em três horários. Segundo a administração municipal, se
 "constatado desrespeito ao que determina o alvará, serão tomadas
 providências".

O MP tem recorrido a uma resolução do Conselho Nacional de Meio
 Ambiente (Conama) de 1990 para pedir o fechamento das igrejas na
 capital. "Buscamos agir sob a lei federal e pedimos a fiscalização da
 Cetesb para medir o barulho", disse o promotor José Ismael Lutti.

Trânsito. "A reclamação não é da cerimônia religiosa, mas do barulho e
do caos gerados pelo trânsito e pelo bolsão de ambulantes que se
 formam na porta do nosso condomínio às 7 horas da manhã de
 domingo", reclamava ontem Rosa Aparecida Fernandes, de 66 anos,
 moradora da Rua Carneiro Leão, em frente à Igreja Mundial.

 Na manhã de ontem, o público no templo era superior a 9 mil pessoas,
 com as ruas do bairro congestionadas.
















A igreja está localizada na única área de zoneamento residencial
do Brás. O MP já pediu que a Sehab reveja a decisão de liberar
o templo. "Em janeiro de 2009, o prefeito Gilberto Kassab (DEM)
 já havia emitido parecer para fechar o templo.

A Justiça também negou o pedido de liminar da igreja, mas a Sehab
 deu alvará", afirmou a promotora Mabel Tucunduva, da Promotoria
 de Urbanismo, que voltou a pedir o fechamento da igreja em ofício
enviado à Sehab no dia 28.

"Preconceito". O vereador Carlos Apolinário (DEM), principal
 representante dos evangélicos na Câmara, vê preconceito nas ações
 dos promotores. "Respeito o MP, mas quem tem de administrar a
cidade é o prefeito e a Câmara Municipal", reagiu.

O vereador José Olimpio (PP), missionário da Igreja Mundial e que
 estava ontem no culto, garantiu que a igreja tem alvará para realizar
 os cultos. "Já estamos dialogando com os vizinhos da Carneiro Leão.
 E nossa documentação está em dia."

Casamentos. No Jardim Lusitânia, ao lado do Parque do Ibirapuera,
 na zona sul, a reclamação é sobre o trânsito causado aos sábados à
noite pelos casamentos da Igreja Santo Ivo, no Largo da Batalha.
Responsável pela paróquia, frei Rildo Fonseca de Lima concorda
que atrapalha. "Mas o movimento é pontual."

Segundo a Prefeitura, a igreja teve um pedido de anistia de alvará
 indeferido há dois meses. Agora há um pedido para obter licença
como local de reunião.

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http://www.deusnaoesurdo.com.br/imagem/imprensa/diariosp210609.pdf

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